• Colunistas

    Monday, 29-Apr-2024 06:25:20 -03
    Juca Kfouri

    7 ideias para o futebol

    17/05/2015 02h00

    A RESISTÊNCIA ao novo, mesmo que óbvio, faz parte dos usos e costumes da vanguarda do atraso e independe se travestida de direita ou de esquerda.

    O novo assusta quem quer manter privilégios, os notórios e os ocultos.

    O que você lerá a seguir são sete ideias nada criativas, mas indispensáveis, para que o futebol brasileiro, enfim, entre no século 21.

    1. Os clubes não podem gastar mais do que arrecadam e precisam reservar parte do que recebem para pagar salários e o que devem ao Estado.

    Quem não se ajustar tem de ser punido e a pior punição, além da responsabilização patrimonial do responsável, é a perda de pontos e o rebaixamento de divisão.

    Mas, atenção, o que a CBF chama de fair play financeiro é para inglês ver, porque depende de denúncia de atleta. Na Federação Paulista de Futebol não funcionou e na CBF não funcionará.

    Ou você acha que os clubes que estão participando do Brasileirão estão em dia com suas obrigações?

    Agora, imagine o que aconteceria para um jogador corintiano que denunciasse o clube. Não pisar mais no Corinthians, ou ter de contratar segurança para andar em São Paulo, seria o de menos. Nenhum outro clube lhe daria emprego, porque os cartolas, em regra, também são corporativistas;

    2. Os departamentos de futebol dos clubes devem se transformar em sociedades empresariais e serem regidos pelo Código Comercial.

    É simplesmente inaceitável que no Brasil o negócio do futebol seja habitado por entidades ditas não lucrativas, embora enriqueçam a cartolagem.

    Ou você acredita que os cartolas sejam abnegados, embora haja raras exceções?

    3. O calendário nacional precisa se adaptar ao mundial, porque não é sensato achar que o planeta está com o passo errado e o Brasil com o certo;

    4. Urge criar a Liga dos clubes para gerenciar seus campeonatos e deixar à CBF os cuidados com a seleção.

    Há quase meio século a CBF não consegue fazer um campeonato com média aceitável de público nos estádios;

    5. Tão urgente como a Liga é dar o peso correto aos votos nas entidades esportivas porque não faz sentido que um clube de massa valha tanto quanto um de fundo de quintal;

    6. A violência entre torcedores precisa ser tratada como questão essencial de segurança pública, sem o que, em breve, os estádios erguidos para a Copa do Mundo estarão arruinados e ainda mais desertos;

    7. Finalmente, se faz necessário um organismo que regule as relações entre o público e o privado no futebol.

    Se agência reguladora ou autoridade pública, importa menos.

    Importa que seja independente e composta por pessoas de credibilidade na sociedade, com passado impecável, porque as tentações no mundo do esporte são do tamanho de qualquer outro grande mercado na Terra globalizada, ou, se quiser, "golbalizada".

    Nada do que está nestes sete pontos é novidade na Europa, não por acaso vencedora das três últimas Copas do Mundo e dos dois últimos Mundiais de clubes.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024