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    Juca Kfouri

    O secretário-menor

    24/05/2015 02h00

    O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, escreveu que não responderia às minhas ofensas [texto publicado na seção "Tendências/Debates", pág. A3 do domingo, dia 17, em que Feldman defende a direção da CBF e critica este colunista].

    Nem poderia respondê-las, porque ofensas não houve.

    O fato de lembrar que ele já serviu a Mao, à Albânia, ao PMDB, ao tucanato, a Kassab, a Marina e, agora, a Marco Polo Del Nero não deveria causar nele tamanha espécie.

    Nem vou mais me deter em sua insinuante carreira, que começou por Pequim e frutificou, enfim, no edifício José Maria Marin.

    Fabuloso mesmo foi, depois que Nero ocupou por dois anos a vice-presidência da CBF, Feldman argumentar que, 101 anos depois de ser fundada, a entidade organizará o Primeiro Congresso do Futebol.

    Note, não é o segundo ou o terceiro, mas o primeiro!!!

    Como todo oportunista, o secretário-menor da CBF escolheu para bater em quem rende junto ao chefe. Levou pela proa duas cipoadas de dois dos mais importantes jornalistas do país, Alberto Dines e Mário Magalhães, mas nem deve ligar.

    "Estes vermelhinhos os conheço bem, doutor Nero, deixe que eu lido com eles", ele deve ter dito.

    Mas não há como negar que o nosso especialista em vitamina D, de Desfaçatez, tem verve.

    Diz que ama o futebol e eu não. Mesmo assim Feldman me convidou para almoçar antes de sua posse e me perguntou se eu achava que ele era "ladrão"!

    Tudo porque havia escrito aqui, numa notinha de rodapé, que da Marina Silva para a CBF Feldman havia dado uma demonstração do que era a "nova política".

    Ah, eu também mandara por um companheiro à Comissão de Esportes da Câmara o seguinte texto:

    "Primeiramente, eu quero me desculpar pela ausência, mas uma cirurgia em uma das minhas netas me segura em São Paulo.

    Gostaria muito de estar com todos, para poder apoiar o presidente do Flamengo e divergir do diretor da CBF.

    O futebol brasileiro precisa mudar, e não para Boca Raton (EUA), como se mudou o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

    Precisa mudar seu modelo de gestão, profissionalizar-se, deixar de ser objeto de escândalos de corrupção ou de vexames como o 7 a 1, de cuja responsabilidade o atual presidente da CBF não pode se eximir, porque eminência parda na gestão de Marin, tão breve como pernicioso.

    Haverá quem diga que a MP é anticonstitucional. Errará em português e em latim. Melhor que qualquer rábula, o STF já decidiu, por unanimidade, que autonomia não significa soberania.

    Ademais, adere quem quer à MP, e até os leigos sabem que em contratos de negociação de dívidas é legítimo que os credores imponham condições aos devedores.

    Urge que os clubes brasileiros se transformem em sociedades empresariais e assumam a gestão de seus campeonatos, deixando à CBF a gestão da seleção, como acontece no Primeiro Mundo do futebol.

    E será fundamental que uma agência reguladora, uma autoridade pública esportiva, tenha o nome que tiver, desde que independente, assuma o papel de fiscal das relações entre os setores público e privado no futebol nacional.

    Eu espero compreensão por minha ausência. Mas quem é avô certamente me entenderá".

    Feldman respondeu dizendo que só ser avô nos aproxima...

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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