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    Juca Kfouri

    A comissão da CBF

    05/07/2015 02h00

    NÃO QUER resolver um assunto? Crie uma comissão, diz um velho ditado do bom gestor.

    A CBF, ao menos, graças a algum assessor mais esperto, não chamou sua comissão de comissão, mas de conselho de desenvolvimento estratégico.

    Comissão, você sabe, lembra porcentagens, que lembram de J.Hawilla, que lembra Marin, que lembra o "coconspirador 12".

    Só que não é preciso de conselho algum para tratar do óbvio, como ter uma política para as categorias de base, já que a geração espontânea deu uma secada. Ou distribuir melhor as fortunas que a CBF recebe de seus patrocinadores (e, sem comissões, sobrará mais para os clubes). Ou proibir que se disputem jogos em gramados precários. Ou adequar o calendário brasileiro ao mundial para não prejudicar nossos campeonatos e nossos clubes. Ou fazer dos departamentos de futebol profissional dos clubes sociedades empresariais geridas por especialistas remunerados para tal.

    Por que, afinal, quando foi que Marco Polo Del Nero deu uma boa ideia para futebol? Uma só? Ele que, por mais de uma década, comandou a federação estadual mais rica e poderosa do país com um campeonato que não ultrapassou a média de 5.000 torcedores por jogo e quebrou a esmagadora maioria dos clubes do interior.

    E Dunga? Quando teve uma frase lapidar, um instante criativo? Não, nem voltemos aos afrodescendentes porque aí é covardia.

    Gilmar Rinaldi, sim, teve boas ideias. Empresariar o Imperador Adriano foi a melhor. Mais recentemente, dizer que acionará Zico na Justiça também foi genial.

    E Rinaldi, como está em sua ficha de atleta, ou Rinaldo, como em alguns documentos como empresário, pontifica na CBF "moderna e transparente" como se fosse um sábio, embora não tenha passado de um goleiro medíocre que a sorte levou, como suplente do reserva, à Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, o ano do tetracampeonato.

    Enfim, a comissão planejada pela Casa Bandida do Futebol é mais do mesmo, é chover no molhado, é mera simulação de eficiência.

    TRANSPARÊNCIA

    A CBF "moderna e transparente" do trio Nero/Feldman/Doria não aceita que a seleção brasileira seja considerada em lei como patrimônio cultural do povo brasileiro.

    A seleção usa as cores da bandeira, perfila para ouvir o Hino Nacional, é chamada de brasileira, mas, de fato, é o time da CBF.

    E a CBF, que viu seu penúltimo presidente se escafeder para Boca Raton, vê o último preso em Zurique e o atual com medo de tratados de extradição, não abre mão dela para dividi-la com o torcedor.

    MOEDAS

    Diz o folclore que Mané Garrincha chamava seus marcadores de "joões".

    A CBF tem um, João Dólar.

    Tem ainda Marco Polo e Peso Morto.

    Real, nem pensar. Euro, certamente.

    CONFUSÃO À VISTA

    Ronaldo e Bebeto que ponham suas barbas de molho.

    Os bastidores do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil, do qual foram integrantes, estão sob a lupa do Ministério Público Federal em conjunto com o FBI.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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