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    Juca Kfouri

    Livre pensar

    06/07/2015 02h00

    Livre pensar é só pensar, dizia Millôr Fernandes.

    Pense, pois, na alegria dos jornalistas chilenos, enfim envolvidos na cobertura de um título da sua seleção de futebol.

    Críticos como devem ser, ou "amargos" na opinião de Valdivia, os companheiros andinos, ao lado da justa euforia nacional, hão de dizer que o Chile teve tudo a seu favor nesta Copa América, a começar por jogar sempre no Estádio Nacional de Santiago e a continuar pelas arbitragens caseiras, incluindo a última, que deixou de marcar, no fim do segundo tempo da finalíssima, um pênalti claríssimo em Rojo.

    Verdade que nem os deprimidos colegas argentinos estão chorando o erro como seria de se esperar, mesmo que Lionel Messi devesse ser o encarregado para bater a penalidade e tirar os platinos de 22 anos de fila.

    Porque, de fato, a Argentina decepcionou no jogo decisivo, ao atuar timidamente, sem fazer valer sua óbvia superioridade individual, subjugada pelo jogo coletivo, embora inofensivo, dos donos da casa.

    E quem bate pênaltis decisivos como Higuaín e Banega não tem muito mesmo do que reclamar, a não ser do técnico Tata Martino, um sádico que convocou Carlitos Tevez só para atrapalhar as férias do atacante. Não atribuam, rara leitora e raro leitor, a alguma desavença com Messi, porque quem prestou atenção nas cobranças de pênaltis contra a Colômbia, nas quartas de final, viu os dois abraçados na torcida pelos companheiros.

    O Chile venceu porque Sampaoli é muito melhor que Martino, como é superior a Alejandro Sabella, que simplesmente deixou Tevez de fora da Copa do Mundo.

    Pecados que cobram caro e que, com frequência, explicam vice-campeonatos.

    Você se lembra do gol que Higuaín perdeu ainda no primeiro tempo contra a Alemanha, num presente dado por Kroos?

    Pois é, agora ele chutou um pênalti nos Andes, para não falar da oportunidade desperdiçada no último minuto do tempo final, porque Lavezzi não fez o passe na medida certa.

    Mas fato é que a Argentina foi vice de novo, uma tortura na definição do sofrido Mascherano, aumentada depois da exibição na goleada sobre o Paraguai, quando pareceu que a final seria mera formalidade.

    Aí chega a vez dos jornalistas paraguaios. Que fossa!

    Depois de eliminar a seleção brasileira pela segunda vez, é claro que eles sonharam com repetir a Copa América de quatro anos atrás, quando, ao menos, chegaram à final com o Uruguai.

    Só que a goleada imposta pelos argentinos teve requintes de humilhação, mais ou menos como aquela no Mineirão –um ano depois de amanhã, lembra?

    Resta aos caros guaranis se contentar com o próximo Olimpia x Cerro Porteño e com a possibilidade de derrotar os brasileiros nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

    E a nós, jornalistas brasileiros, o que sobrou?

    Sobrou a inusitada campanha do Sport, seis triunfos em casa, cinco empates fora.

    Como se comportará contra o líder Galo, nesta quarta, no Mineirão?

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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