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    Juca Kfouri

    O Profut e a CPI

    16/07/2015 02h00

    O editorial desta Folha, anteontem, "Gol da modernização", traduziu o significado da nova lei sobre o futebol, chamada de Profut.

    Avançou-se, embora menos do que seria o ideal. Se o ótimo é inimigo do bom, o bom, no caso, poderia ser melhor, se fosse além das conquistas do Bom Senso FC, movimento que se fortalece com a vitória que obteve, e democratizasse para valer a arcaica superestrutura do futebol brasileiro.

    Em vez do 7 a 1 virar um 7 a 7, como seria desejável, ficamos no 7 a 4.

    Menos mal que não são poucos os parlamentares nas duas casas do Congresso Nacional que estão dispostos a aprofundar as conquistas, apresentando projetos de lei para fazer novos gols, casos do deputado carioca e tucano Otávio Leite, relator do Profut, e de alguns senadores que se manifestaram no mesmo sentido.

    Já a CPI que será comandada pela dupla Romário&Romero não desperta tanta esperança.

    O Baixinho a presidirá e Romero Jucá a relatará, ambos preocupados em poupar Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da CBF.

    O alvo será, essencialmente, Marco Polo Del Nero que, por dessas ironias, se tiver que renunciar, gostaria de ver exatamente o filho de José Sarney, a quem Jucá obedece, em seu lugar.

    Como Nero não é Cunha, não conseguiu mudar o estatuto da CBF para tal.

    CAMPO DE JOGO

    Entra em cartaz no dia 23, em diversas salas pelo país afora, o filme "Campo de Jogo", de Eryk Rocha.

    Em São Paulo, no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca.

    Não é exatamente um filme, ou melhor, é mais que um filme, é uma poesia sobre futebol.

    Retrata com imagens pouco vistas nas telas o campeonato de favelas do Rio de Janeiro.

    Esqueça o discurso de que é um filme sobre o verdadeiro futebol. Mas saiba que ao vê-lo você não apenas entenderá por que o futebol desperta tanta paixão. Mais: você sentirá por quê.

    Rocha, 37 anos, filho de Glauber, é craque também.

    Com poucas palavras e imagens deslumbrantes, põe o espectador dentro do campo de terra e o faz sentir o cheiro e o gosto do pó.

    Transforma a sala escura em arquibancada e faz você torcer pelo Geração ou pelo Juventude, os times que disputam a final, nos pênaltis, para aumentar a dramaticidade.

    Melhor: faz você torcer ora por um, ora por outro, até pelo juiz.

    De quebra, dá um banho de Brasil, num campinho cercado por favelas, no bairro Sampaio, a poucos quilômetros do Maracanã onde, concomitantemente, se disputava a 20ª Copa do Mundo, megaevento proibido aos protagonistas do documentário, do drama, da epopeia que Rocha transforma em poema e homenagem às raízes da mestiçagem que, um dia, fez do nosso futebol o melhor do mundo.

    "Impressionantemente filmado e maravilhosamente editado para capturar o ritmo do jogo", resumiu a "Variety", a mais que centenária revista americana sobre cinema.

    Não precisa acreditar no que você lê aqui. Veja com seus próprios olhos no cinema.

    Tostão enlouquecerá ao ver.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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