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    Juca Kfouri

    Chove dólar. Mas vai parar

    23/07/2015 02h00

    O dinheiro que chove aqui não é o mesmo que choveu lá. Porque o que aqui chove é democraticamente real e o que lá choveu, além de falso, foi só para o cardeal.

    Joseph Blatter teve o desfecho que merecia mesmo que resista cinicamente até quando o fim de fevereiro vier.

    São todos uns piadistas da pior qualidade.

    Blatter diz que voltará a ser radialista.

    José Maria Marin se defende querendo que alguém acredite que sua conversa com J.Hawilla, gravada pelo interlocutor e entregue ao FBI, foi uma pegadinha. Faustão corre riscos de perder o lugar em seu domingão.

    Já Marco Polo Del Nero justifica nova ausência em reunião da Fifa, a mais importante na centenária história da entidade, por causa da CPI do futebol e da medida provisória do futebol, embora a primeira só vá se reunir em agosto e a segunda esteja na mesa da presidenta da República para ser sancionada, longe, portanto, de qualquer novo estupro que a CBF deseje fazer.

    Lembremos que o secretário menor da Casa Bandida do Futebol, Walter Feldman, escreveu duas vezes recentemente nesta Folha para enaltecer a "transparência" da gestão Nero, mas segue cúmplice de patacoadas do gênero, porque, é óbvio, simplesmente admitir que Nero teme ir a Zurique, e por lá ficar como o colega da pegadinha, seria um ato transparentemente suicida.

    No país do hímen complacente, Galvão Bueno abrandou sua indignação.

    Duas semanas foram suficientes para que a exigência de renúncia de Nero, caso ele não fosse como não foi à reunião na Suíça, se transformasse apenas num fato "lamentável", repleto de cuidados devidamente teatralizados, constrangidos e constrangedores.

    De todo este quadro tétrico, do Leme ao Pontal, do edifício Fifa ao ex-edifício José Maria Marin, resta a certeza de que no ano que vem o futebol terá uma cara nova, de rosto lavado.

    A cartolagem passou de todos os limites da desfaçatez e da ostentação e o mundo se cansou de tudo isso.

    ATÉ NA ASSEMBLEIA

    Paulo Peixoto, um dos advogados de José Maria Marin, chefia o gabinete de Fernando Capez, o tucano que se fez deputado combatendo, sem sucesso, as torcidas organizadas e que hoje preside a Assembleia Legislativa paulista.

    Deputados da oposição denunciam que Peixoto esteve duas vezes em Zurique para atender seu cliente sem se licenciar do cargo e contestam seu duplo papel.

    Os mesmos deputados se incomodam também com o relacionamento do presidente da Casa com o ex-presidente da CBF, preso na Suíça.

    Em maio de 2013, Capez foi homenageado por Marin e Nero na Federação Paulista de Futebol e sete meses depois foi convidado para assumir a presidência de um tal Conselho de Segurança da CBF do qual nunca mais se ouviu falar.

    Capez ainda fez o que pôde,também sem êxito, na Assembleia, para eximir Marin de qualquer responsabilidade pela prisão e morte de Vladimir Herzog.

    juca kfouri

    Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.

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