Casa cheia em Itaquera, Corinthians com boas chances de terminar a 15ª rodada do Brasileirão na liderança, descansado em busca de quinta vitória seguida, contra um São Paulo em oitavo lugar, sete pontos atrás, traumatizado pela eliminação na Libertadores, cansado por ter jogado no meio da semana em Medellín, sem Ganso, sem Kelvin, já sem Calleri, aparentemente morto.
Aí mora o perigo: aparentemente morto.
O São Paulo está ferido, mas não está morto e nada melhor que ganhar do maior rival para provar.
O torcedor corintiano irá ao estádio, e só ele, graças à estupidez dos clássicos com torcida única, certo de que até verá uma goleada.
Talvez do tamanho do 6 a 1 do Brasileirão passado -quem sabe?
Pausa para reflexão: naquela ensolarada tarde de domingo o Corinthians, campeão, poupou vários de seus titulares e nem era tão favorito.
Como fez o São Paulo, em dezembro de 2012, quando poupou os seus e derrotou o Corinthians, no Pacaembu, por 3 a 1.
O São Paulo se preparava para tentar ser campeão da Copa Sul-Americana contra o argentino Tigre e o Corinthians, completo, dava os últimos ajustes antes de embarcar para o Japão em busca do bicampeonato mundial de clubes da Fifa -ambos os objetivos plenamente alcançados.
Jogos bem recentes, aqui escolhidos para lembrar que a tradição do Majestoso tem incontáveis exemplos de vitórias de quem estava pior e se saiu melhor.
A lógica indica um triunfo alvinegro e a quinta derrota tricolor na Arena Corinthians, onde o anfitrião perdeu apenas quatro vezes em 74 jogos.
Ou seja, caso o Corinthians vença, terá menos derrotas que o rival em sua casa. No Morumbi, são 49 vitórias corintianas e 35 derrotas, com 55 empates.
Um prato cheio para as gozações pós-clássico.
Que pode virar uma pratada na cabeça da Fiel...
FALCÃO X PERIQUITO
Se fosse palmeirense, escreveria Falcão x Porco. Como não sou e por achar que só o palmeirense tem o direito de usar o apelido carinhosamente, fico com o tradicional Periquito.
É conhecida a história de um jogo entre Palmeiras e o Inter de Paulo Roberto Falcão.
O Palmeiras de Telê Santana vinha de golear o Flamengo de Zico por 4 a 1 no Maracanã e receberia o Inter no Morumbi, em 1979.
O saudoso "Jornal da Tarde" deu a manchete: "Mococa ou Falcão?".
O Inter ganhou por 3 a 2, de virada, num jogo espetacular e Falcão fez dois gols, um deles verdadeiro golaço de fora da área.
No dia seguinte, ao dar nota 10 para o meio-campista colorado, o "JT" estampou: "Falcão, é claro".
Pois eis que hoje, no Beira-Rio, o líder Palmeiras volta a enfrentar Falcão, no banco gaúcho.
O Alviverde é superior, terá as voltas de Róger Guedes e, principalmente, de Gabriel Jesus, ausências tão sentidas no empate contra o Santos, e mesmo fora de casa é favorito.
Corre riscos, é claro, e ainda precisa se firmar como visitante.
O jogo é concomitante com o Majestoso para concentrar as atenções de corintianos e palmeirenses com um olho em cada estádio.
Mas, atenção: se os líderes e vice-líderes do campeonato não se derem bem, o primeiro lugar pode ficar com o Grêmio, que enfrentará o Sport no Recife.
Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.