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    Julianna Sofia

    Benefícios a políticos e regalias acentuam desigualdade no Brasil

    09/11/2016 02h00

    Zanone Fraissa - 22.fev.2016t/Folhapress
    A federal police agent is pictured in front of the headquarters of Brazilian construction firm Odebrecht
    PF faz buscas na empreiteira Odebrecht, em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato

    BRASÍLIA - A classe política brasileira regozija-se com a morosidade do Judiciário. Processos contra parlamentares criam bolor nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal, onde atualmente existem 84 casos que já duram, em média, oito anos sem conclusão.

    A elite empresarial entra em pânico na iminência de eclodir a delação da Odebrecht. Gigantes do PIB tentam mobilizar o Congresso para aprovar medidas de contenção de danos. Fazem lobby pela aprovação da anistia ao caixa dois, limpando a barra de políticos que receberam doações irregulares até agora.

    Querem mudar também as regras dos acordos de leniência, que vêm sendo negociados por empresas citadas na Lava Jato, com a intenção de fazer valer a máxima "too big to fail" (muito grande para quebrar).

    A nova etapa da repatriação de recursos irregulares no exterior, a pretexto de garantir mais dinheiro para o ajuste fiscal, poderá beneficiar parentes de políticos —além de outras mirabolâncias que podem ser enxertadas durante a tramitação da proposta no Legislativo.

    Regalias de magistrados, cujos salários em fim de carreira equivalem a 16 vezes a renda média nacional, agora se estendem a negociação de férias não gozadas para engordar contracheques à margem da lei.

    O Palácio do Planalto de Michel Temer, em plena campanha para limitar gastos públicos, torra R$ 500 mil com um show para VIPs em homenagem ao centenário do samba.

    Tudo parece surreal para o cidadão comum, que enfrenta uma jornada de trabalho semanal de 44 horas, que se angustia à espera das reformas trabalhista e da Previdência e que aguarda com expectativa o 13º que o Estado pode não honrar.

    Para quem está na fila dos 12 milhões de desempregados ou para quem assiste perplexo na TV à história de cinco jovens assassinados supostamente pela PM em São Paulo.

    O Brasil segue como um país desigual e injusto. Sob vários aspectos.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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