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    Julianna Sofia

    Permanência de Geddel sinaliza leniência com velha política

    23/11/2016 02h00

    Alan Marques/Folhapress
    BRASILIA, BRASIL, 21-11-2016: Presidente Michel Temer participa da reunião do Conselho de Desenvolvimento Economico Social, o Conselhao, no Planalto. Foto Alan Marques/Folhapress
    Presidente Michel Temer participa da reunião do Conselhão no Palácio do Planalto, em Brasília

    BRASÍLIA - O presidente Michel Temer é um entusiasta da propaganda. Acredita que é preciso "propagar" as ações do governo para que a população saiba o que vem sendo feito para tirar o Brasil do lodaçal.

    Na segunda-feira (21), ele exortou os integrantes do Conselhão reunidos no Palácio do Planalto a divulgar o que acontece no país.

    "É preciso uma certa ladainha, é preciso repetir, você repete uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, é como se faz nas missas, toda missa é igual porque você repete os conceitos. Isso vai entrando no corpo, no espírito e na alma", disse.

    Mas é necessário fazê-lo de maneira positiva, destacou Temer, o que acrescenta à tarefa algum grau de complexidade. Como promover um governo que dá de ombros para a opinião pública?

    A foto da cadeira vazia do ministro Geddel Vieira Lima na reunião do próprio Conselhão é uma peça publicitária, pronta e irretocável, de um governo constrangido.

    Geddel é acusado de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a atropelar um parecer do Iphan que impedia a construção de um prédio em Salvador no qual o peemedebista tinha interesses particulares.

    Temer primeiramente silenciou sobre o assunto. Depois fez um anúncio protocolar, por meio do porta-voz, afirmando que o ministro — seu amigo há 25 anos— será mantido no cargo, embora a Comissão de Ética da Presidência tenha aberto processo para investigar o caso. Sinaliza condescendência com velhos hábitos da política.

    Geddel também não vê tráfico de influência e diz que a conversa com Calero foi republicana, afinal, qual foi a irregularidade? Ontem, ele chegou a chorar ao comentar o fato e angariou apoio de parlamentares.

    No mundo da propaganda, o último marqueteiro que vendeu aos brasileiros um país desconectado da realidade não teve um final propriamente feliz. Em nada parecido com comercial de margarina na TV.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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