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    Julianna Sofia

    Temer ensaia reação, mas peso da economia está com o 'dream team'

    30/11/2016 02h00

    Eduardo Knapp/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 28-10-2016: Para Domingo. Entrevista exclusiva para a FOLHA com o Ministro da Fazenda, Sr Henrique Meirelles,no escritorio do Banco do Brasil na Av Paulista (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, PODER).
    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

    BRASÍLIA - A equipe econômica de Michel Temer chutou a meta fiscal deste ano para um deficit estratosférico de R$ 170 bilhões logo ao assumir o legado nefasto de Dilma Rousseff nas contas públicas.

    Com um rombo dessa dimensão, o "dream team" da economia poderia: 1) evitar aumento de impostos, 2) acertar pagamentos atrasados, 3) fazer frente a esqueletos que pulassem do armário e 4) acomodar aumento de gastos de um governo que assumia com baixíssima aceitação popular.

    Passados seis meses, com diferentes modulações, todas as possibilidades se confirmaram. O resultado é a implementação de uma política fiscal expansionista.

    Apesar da proposta do teto de gastos limitar, a partir do ano que vem, o crescimento da despesa à variação da inflação, a nova regra toma como ponto de partida uma base anabolizada, a deste ano.

    Além disso, o equilíbrio nas contas —quando o governo federal começará a economizar recursos para conter a dívida pública— só será percebido a partir de 2020 e até lá muita água passará sob a ponte que leva ao Palácio do Planalto.

    Em sua defesa, a turma de Henrique Meirelles diz que entregará um deficit abaixo da meta do ano. A proeza de encerrar 2016 com uma cratera fiscal de R$ 166 bilhões, no entanto, deve-se à arrecadação extraordinária com a Lei da Repatriação.

    O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga mostrou em recente conversa com o "Valor" preocupação sobre o tema e afirmou que a gestão expansionista no curto prazo joga um peso "monumental" sobre a política de juros tocada por Ilan Goldfajn. Cobrou um ajuste imediato e não apenas futuro.

    Tudo isso sem contar a corrosão das contas dos Estados e os seus efeitos ainda pouco mensuráveis.

    Temer sabe que está em falta na economia e ensaia reação. Mas o peso continuará hoje sobre os ombros de Ilan e dos colegas de Copom.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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