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    Julianna Sofia - Julianna Sofia

    Setores devem pressionar Congresso para escapar de reoneração da folha

    01/04/2017 02h00

    Pedro Ladeira-23.mar.2017/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 23-03-2017, 12h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Marcos Pereira (MDIC) durante Cerimônia de lançamento do Novo Processo de Exportações do Portal Único de Comércio Exterior. No Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da República, Michel Temer

    BRASÍLIA - Ao reonerar a folha de pagamento das empresas como uma das medidas para tapar o novo rombo (R$ 58,2 bilhões) do Orçamento federal, o governo Michel Temer deixou a porta entreaberta.

    Resguardou três setores (comunicação, construção civil e transporte terrestre) do aumento de tributo com a justificativa de que são atividades intensivas em mão de obra. Diz ainda que, diferentemente da indústria, esses segmentos responderam melhor ao estímulo fiscal.

    O diabo mora nas exceções.

    Mesmos argumentos usados para a ressalva poderão ser empregados pelos setores de educação, TI, call center, transporte aéreo e outros tantos para pressionar o Congresso a alterar a medida provisória e anabolizar a lista de exclusões.

    Foi com uma relação enxuta de quatro atividades (confecções, calçados, móveis e software) que Dilma Rousseff deu início à desoneração da folha em 2011. Não demorou para virar farra. O benefício foi estendido caoticamente a mais de 50 setores, gerando uma renúncia de R$ 74,9 bilhões entre 2012 e 2016, segundo dados da Receita Federal.

    Sob a envergonhada Dilma 2, veio o diagnóstico. Com as contas fiscais em desgraça, o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, escrachou a desoneração por ser "negócio grosseiro", uma "brincadeira" que custava bilhões para a União. Levou o primeiro de vários puxões de orelha, mas traduziu em bom português o que estudos já apontavam.

    A medida gera um custo nada trivial para a administração pública, não tem grande capacidade de geração de empregos e pode aumentar a regressividade do sistema tributário brasileiro.

    Em 2015, Dilma mandou para o Congresso projeto de lei para rever a desoneração, recalibrando as alíquotas sobre o faturamento. A reoneração foi minada por lobbies setoriais, que conseguiram atenuar a proposta de aumento. Na época, foram abertas várias exceções.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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