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    Julianna Sofia - Julianna Sofia

    Surpresa causada por relator deixa dúvidas sobre voto pela cassação

    08/04/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    FLANCOS CONTRA TEMERHerman Benjamin, o ministro relator do caso. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Herman Benjamin, o ministro relator da ação contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral

    BRASÍLIA - Algumas horas antes de entrar no plenário do TSE na última terça-feira (4), o ministro-relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, Herman Benjamin, pintava-se para a guerra.

    Na bolsa de apostas do mundo político e jurídico, o juiz de Catolé do Rocha (PB) —notório por seu rigor e vaidade— desferiria naquela manhã um vigoroso relatório, constrangendo os acusados no processo, em especial o presidente Michel Temer. Apesar de toda a chicana previamente especulada de questões de ordem, preliminares e pedido de vista para retardar o caso, o primeiro lance do julgamento seria épico.

    O leão miou.

    Isolado e sob pressão de seus colegas, Benjamin anteviu a derrota. Fugindo do roteiro ensaiado, nem sequer leu seu relatório. Aceitou tratar de questão de ordem apresentada por advogados e, num ato que intitulou de pragmático, ampliou o prazo para defesa, sendo ainda assim vencido no novo período fixado. Surpreendeu também ao trazer para o pleno a possibilidade de oitiva de testemunha, reabrindo a fase de instrução.

    O ministro temia que um embate sobre o prazo travasse a ação, com algum pedido de vista. Temia ainda a acusação de macular o processo com nulidades por cercear a defesa.

    A lavada que tomou no plenário deu ao Palácio do Planalto a quase certeza de que, se o julgamento tivesse sido levado a cabo ali, Temer teria votos e se livraria da espada de Dâmocles (aquela, suspensa por um fio). Ministros tidos como contrários ao presidente foram refratários às alegações preliminares do relator.

    Não que isso importe mais. A sessão que retomará a análise do caso contará com nova composição da corte e placar pró-Temer ampliado.

    Se o julgamento ficará para as calendas ou será decidido neste semestre (como agora demonstra querer o Planalto), também parece ter menos relevância em Brasília desde terça.

    A curiosidade que persiste é se o leão rugirá da próxima vez.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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