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    Julianna Sofia - Julianna Sofia

    Planalto mantém mercado e empresários iludidos com reforma da Previdência

    16/12/2017 02h00

    Alan Marques - 21.fev.2017/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 21.02.2017.O presidente da República, Michel Temer participa, ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, participa da Reunião com a Comissão de Reforma da Previdência.(FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Rodrigo Maia (esq.), Michel Temer e Henrique Meirelles durante reunião da reforma da Previdência

    BRASÍLIA - Quem ainda acredita que o governo de Michel Temer terá viço político suficiente para aprovar a polêmica reforma da Previdência logo depois do Carnaval do próximo ano? O mercado e o empresariado mantêm-se sob a engabelação do Palácio do Planalto.

    Cabe a Temer e aos presidenciáveis Rodrigo Maia (presidente da Câmara) e Henrique Meirelles (Fazenda) preservar a isca pendurada enquanto for possível. Até lá, o mercado não derrete pra valer, as agências de classificação de risco hesitam em rebaixar a nota de crédito brasileira e os donos do PIB continuam a cobrar do Congresso a aprovação urgente da "mãe de todas as reformas".

    Há um ano o governo temerista encaminhou ao Legislativo a proposta de mudanças nas regras de aposentadoria. Desde então –e entre as votações para barrar duas denúncias da Procuradoria-Geral da República contra o presidente–, fez várias concessões. Sucumbiu a lobbies, corrigiu exageros e reduziu a economia prevista com a reforma a 60% dos R$ 800 bilhões originais.

    Entregou outros anéis. O generoso Refis permitirá que empresas devedoras deixem de pagar R$ 35 bilhões em 15 anos. A negociação de dívidas do Funrural fará evaporar R$ 15 bilhões, além de mais R$ 7,8 bilhões no Refis do Simples. A lista inclui a liberação de R$ 7,5 bilhões em novos gastos no Orçamento deste ano.

    O alto custo fiscal para a aprovação da Previdência estende-se à agenda empacada no Congresso, o que poderá abrir um rombo de R$ 21 bilhões nas já deficitárias contas de 2018. Medidas como reoneração da folha de pagamento, adiamento de reajuste do funcionalismo e tributação de fundos de investimento foram relegadas e podem naufragar.

    Enquanto a cúpula do próprio Planalto ostenta aposentadorias privilegiadas, a nova estratégia na reforma é transigir mais e ceder a servidores. Temer ganhará tempo e poderá alongar o martírio até novembro, pós-eleições. Quem ainda acredita?

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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