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    Julianna Sofia - Julianna Sofia

    Candidato, ministro deixa como último ato aceno a trabalhador

    30/12/2017 02h00

    Alan Marques-22.dez.2016/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 22.12.2016. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, participa de Cerimônia de assinatura de MP com Medidas do Programa de Manutenção e Geração de Empregos. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Ronaldo Nogueira, ex-ministro do Trabalho

    BRASÍLIA - É possível gastar muito latim na tentativa de explicar o recuo do governo Temer com a publicação da nova —e correta— portaria sobre trabalho escravo. Nenhuma justificativa soará mais convincente do que o pragmatismo político derivado do medo das urnas.

    O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, deixou a pasta oficialmente nesta sexta-feira (29), não sem antes assinar a norma alterada. O deputado do PTB alegou que quer disputar a eleição de 2018 —embora o prazo para desincompatibilização só termine em abril. Segundo o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes, Nogueira tinha planos de deixar o ministério ainda em outubro.

    Desde então, o ministro petebista sambou na cara do brasileiro. Naquele mês, instaurou a polêmica com a portaria que alterou as regras de fiscalização do trabalho escravo. O texto restringia as situações em que patrões são autuados por submeterem trabalhadores a condições degradantes e jornadas exaustivas.

    Apesar de todas as críticas, até internacionais, Nogueira manteve-se firme na briga pela medida, que foi suspensa por determinação da ministra do STF Rosa Weber. Não quis melindrar a bancada ruralista, que estava prestes a votar a segunda denúncia na Câmara contra Temer.

    Em novembro, em entrevista à Folha, saiu em defesa da ministra Luislinda Valois (Direitos Humanos), que havia solicitado acumular salário com aposentadoria, caso contrário sua atividade se assemelharia a trabalho escravo. "Precisamos manifestar nossa solidariedade a ela, pela história da ministra." Não há registro de igual demonstração de apreço a professores demitidos de grupos privados de ensino superior, pós reforma trabalhista.

    Ainda no mês passado, em pronunciamento em rede nacional, Nogueira afirmou que a nova CLT irá consolidar direitos, "pois direito não se revoga, apenas se aprimora".

    Bordão que o ministro-candidato, na última hora, resolveu aplicar.

    julianna sofia

    É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.

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