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    Julia Sweig

    A disputa pela Casa Branca

    28/01/2015 02h00

    Estamos a dois anos da posse do próximo presidente dos Estados Unidos.

    Estamos a um ano da primária republicana de New Hampshire e a dez meses do "caucus" do Iowa (um mecanismo eleitoral esdrúxulo semelhante a uma primária, mas diferente dela).

    O Partido Republicano abriu seu calendário político com muita antecedência com algo conhecido no jargão dos analistas como a "primária invisível". Invisível porque, embora não haja eleições programadas por quase um ano, agora é o momento quando candidatos potenciais (ou seja, os aspirantes a presidente) se promovem para seus financiadores, eleitores potenciais e a mídia.

    Esse processo é tudo menos invisível. Pela minha conta, pelo menos 13 potenciais candidatos republicanos disputam o campo superlotado e caótico. Mergulharei nos perfis individuais em colunas futuras.

    Por enquanto, apresento uma visão geral. Há quatro ex-governadores, incluindo Mitt Romney, que perdeu para Barack Obama em 2012, e Jeb Bush, filho e irmão de dois ex-presidentes. Também temos seis governadores atuais, entre eles Chris Christie, de Nova Jersey, cujos programas semanais de rádio com participação dos ouvintes lembram Hugo Chávez em sua versão mais megalomaníaca e cheia de ardor.

    Dois dos três senadores são os mais interessantes, sob vários aspectos.

    Marco Rubio, da Flórida, e o texano Ted Cruz, jovens e filhos de cubanos, querem agradar aos eleitores latinos sem abraçar frontalmente a reforma da imigração empreendida por Obama e se posicionar possivelmente como vice-presidente, sem perder o espaço que ocupam no Senado.

    O grupo como um todo não oferece grande diversidade geográfica –não há ninguém de Estados ao oeste do Texas, a não ser que você leve em conta o fato de Romney ser seguidor da Igreja Mórmon no Utah, e não há mulheres.

    Muitos dos candidatos, entre eles o senador Rand Paul, estão começando a falar da desigualdade nos Estados Unidos.

    Esse é um problema muito real, mas parece estar convenientemente sendo citado por eles apenas agora, quando a economia, liderada por um presidente que eles detestam, está começando a melhorar.

    Assim, é difícil saber o que os preocupa realmente.

    Tecer especulações é arriscado; muita coisa pode e vai mudar nos próximos dois anos. Mas em novembro de 2016 o homem que vai disputar a Presidência com a provável candidata democrata, Hillary Clinton, provavelmente será Jeb Bush, ex-governador da Flórida.

    Conservador social, Jeb ainda se assemelha mais estreitamente com o establishment republicano, enfraquecido pelos radicais do Tea Party.

    E, com mulher e filhos mexicanos, e em um Estado de grande diversidade, ele reconhece que, sem o voto latino em todo o país e sem políticas de imigração humanistas, o futuro do Partido Republicano correrá perigo.

    Assim, como se saísse diretamente de um drama do horário nobre da televisão, a próxima batalha pela Casa Branca provavelmente será travada entre duas dinastias: a Casa de Bush e a Casa de Clinton.

    julia sweig

    Escreveu até maio de 2015

    É pesquisadora-sênior na Lyndon B. Johnson School of Public Affairs, da Universidade do Texas, em Austin (EUA).

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