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    Julio Wiziack

    Reforma 'capenga' da Previdência custará mais a Temer do que Lava Jato

    20/04/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 23-03-2017, 12h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Marcos Pereira (MDIC) durante Cerimônia de lançamento do Novo Processo de Exportações do Portal Único de Comércio Exterior. No Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente da República, Michel Temer (PMDB)

    BRASÍLIA - Quando deixou o cargo de ministro da Casa Civil, Antônio Palocci se recusou a abrir a lista dos clientes de sua consultoria para a então presidente Dilma Rousseff. Preferiu deixar o governo e retomar o mandato de deputado federal.

    Hoje, os procuradores da Lava Jato esperam que o ex-ministro de Dilma entregue para eles o que não explicou para a ex-presidente. Todo o resto já interessa pouco. Delatores da Odebrecht contaram que Palocci foi o gestor da conta abastecida pela empreiteira com propina e que serviu para pagar despesas de Lula e do PT.

    A consultoria do ex-ministro atendeu um dos maiores bancos do país, uma das maiores fabricantes de veículos, uma importante empresa de planos de saúde e um frigorífico. Esses quatro clientes concentraram a maior parte dos ganhos de Palocci.

    Pessoas que conhecem essa história afirmam que a proximidade do ex-ministro com Lula e Dilma e sua articulação no Congresso viabilizaram medidas provisórias que favoreceram seus clientes.

    O estrago dessa possível delação será maior que a dos executivos da Odebrecht ou a de Eduardo Cunha? Quando Nelson Mello delatou esquemas da Hypermarcas, as ações da companhia caíram, mas rapidamente ultrapassaram o patamar inicial. Na semana passada, a Bolsa registrou queda considerada "normal" com as delações da Odebrecht.

    Como na política, o mercado é leniente. Para Temer, que só tem a economia como salvação, o estrago não virá das delações e sim da reforma previdenciária. Essa é a visão de banqueiros e operadores de mercado.

    Caso o texto aprovado permita uma economia de pelo menos 60% dos gastos públicos nessa área, Temer conseguirá "entregar" uma taxa básica de juros de 8,5%. Isso já seria suficiente para fazer planos para 2018, se o presidente escapar da Lava Jato. Abaixo dos 60%, as fichas do empresariado seguirão ao presidenciável que se dispuser a reformar a reforma de Temer.

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