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    Julio Abramczyk

    O remédio que virou refrigerante

    12/01/2013 04h37

    Quando o farmacêutico John Pemberton criou, há mais de cem anos, uma fórmula para tratar dos "nervos", possivelmente não imaginou que ela seria usada para problemas do estômago.

    A Coca-Cola virou refrigerante, mas ainda pode ser usada como remédio. E, como todo remédio, com cautela na dosagem.

    Agora, a bebida tem indicação para dissolver as raras bolas compactas de cabelos e vegetais (fitobezoar) que podem se formar no estômago. Elas acabam impedindo a passagem dos alimentos.

    Na revista "Alimentary Pharmacology and Therapeutics" deste mês, um trabalho do professor Spiros D. Ladas e colaboradores da Universidade de Atenas afirma até no título que a "Coca-Cola pode efetivamente dissolver fitobezoares como primeira linha de tratamento".

    Ladas publicou em 2002 um primeiro estudo sobre o tema. Ele relata que, nos últimos dez anos, 24 trabalhos confirmaram as observações.

    Para ele, a dissolução do bezoar pode ser explicada pela acidez do refrigerante (pH 2,6), pelas bolhas do gás carbônico e pela presença do ácido fosfórico, que possui ação detergente.

    O refrigerante sozinho dissolve 50% dos casos. Combinado com endoscopia, evita uma cirurgia em mais de 90% dos casos. Também podem ser usados para o bezoar a fragmentação endoscópica, a papaína, as enzimas pancreáticos, a solução alcalina e o bicarbonato de sódio por sua ação mucolítica.

    julio abramczyk

    Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
    Escreve aos sábados.

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