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    Julio Abramczyk

    O isolamento dos hansenianos

    22/06/2013 03h00

    No Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, o jornalista Guilherme Gorgulho Braz apresentou tese de mestrado sobre o apoio dos jornais paulistas ao isolamento compulsório de pacientes com hanseníase, no Estado de São Paulo, entre 1933 e 1967.

    O estudo selecionou 199 textos dos jornais "O Estado de São Paulo", "Folha da Noite", "Folha da Manhã" e Folha de S. Paulo.

    No período, 38% dos textos apoiaram o isolamento compulsório, 15% eram contrários e 47%, neutros.

    A autor relata que em 1945 e 1946 os jornais se omitiram sobre revoltas e protestos de pacientes e explica que a opinião de especialistas foi fundamental para a instituição dessa política de isolamento.

    Quanto à Folha, refere que a partir de 1960 a linha editorial foi contrária à regra até então mantida.

    HISTÓRIA

    Letícia M. Eidt, em "Saúde e Sociedade", mostra que a doença evoluía há 300 anos no Brasil quando o sanitarista paulista Emílio Ribas, em 1912, sugeriu o "isolamento humanitário em hospitais-colônias" desses pacientes.

    Em 1920 essa ideia foi posta em prática e no final dos anos 30, segundo Opromolla e Laurenti, na "Revista de Saúde Pública", estava consolidado o modelo isolacionista paulista e "nos meios científicos São Paulo era considerado centro de excelência em leprologia".

    Hoje, a doença tem cura e o isolamento é contraindicado.

    julio abramczyk

    Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
    Escreve aos sábados.

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