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    Julio Abramczyk

    Bactérias intestinais e remédios

    20/07/2013 03h15

    A interferência de bactérias normalmente presentes na flora intestinal na ação de alguns remédios já era conhecida. Como acontecia, entretanto, era desconhecido.

    Na revista "Science" de ontem, Henry J. Haiser e colaboradores explicam como a bactéria "Eggerthella lenta" inativa a ação da digoxina, um conhecido e antigo medicamento para o coração.

    Nesse estudo, os autores mostram que a "E. lenta" reduz a concentração da digoxina e que a arginina (um importante aminoácido) inibe essa reação.

    Antes desse trabalho, o mecanismo molecular da redução da digoxina e os fatores da ação microbiana na droga eram desconhecidos.

    Dessa forma, as variações na dieta das pessoas podem explicar a variabilidade na ação do remédio.

    Como o espectro de ação da digoxina é muito estreito, doses baixas podem não atuar e altas podem intoxicar.

    Em 1785, na Inglaterra, o sucesso de um charlatão com a garrafa de uma planta fez um médico estudar o milagroso líquido. Ele observou que o extrato da "Digitalis lanata", popularmente conhecida como dedaleira, intervém na atividade cardíaca.

    Ao longo desses mais de 200 anos, a planta tem sido empregada, em suas várias formas, para a insuficiência cardíaca e arritmias. Inicialmente, ela era um extrato de alto risco pela
    facilidade de provocar intoxicação, mas o problema foi controlado na sua dosagem por comprimidos e ampolas.

    julio abramczyk

    Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
    Escreve aos sábados.

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