Os problemas de saúde relacionados ao vírus da zika e seus primos dengue e chicungunya são a ponta do iceberg conhecido como"doenças tropicais negligenciadas".
Como referem Francisco Martins Melo e colaboradores da Universidade Federal do Ceará no "Boletim da OMS" deste mês, essas doenças afetam as populações provocando deficiências físicas, crescimento e desenvolvimento infantil precários, mortes e aumento da pobreza nas comunidades atingidas.
Os autores relatam maior índice de mortalidade na população afro-brasileira em comparação com a de origem europeia, atribuindo ao primeiro grupo os fatores pobreza, falta de água tratada e saneamento básico na residência. Com a conhecida dificuldade de acesso a atenção governamental em saúde, essa população torna-se fatalmente vulnerável às doenças.
A dengue surgiu nas Américas em 1980 e é uma das mais disseminadas viroses em território nacional. Na "Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical", Enny Santos Paixão e colaboradores da Universidade Federal da Bahia referem um contínuo aumento de mortes na década de 80 por dengue. Acrescentam que nos primeiros dez anos do século 21 a metade das mortes relacionadas à virose na América do Sul ocorreram no Brasil.
Para os pesquisadores, a associação negativa de baixa renda com ausência de saneamento são fatores que determinam a existência da mortalidade por dengue.
Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
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