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    Julio Abramczyk - Júlio Abramczyk

    Os 200 anos do estetoscópio

    12/03/2016 01h50

    Estudantes de medicina carregam orgulhosamente o estetoscópio no pescoço –e os médicos antigos, no bolso do avental. Ele ajuda a escutar os sons do coração, o murmúrio dos alvéolos pulmonares e as sofridas contrações do peristaltismo intestinal. É uma peça obrigatória da profissão há exatos 200 anos.

    Em 1816, atendendo uma paciente cardíaca obesa, René Théophile Hyacinthe Laënnec teve de resolver dois problemas: na época era inconveniente um médico colocar o ouvido no colo das senhoras, e o tecido adiposo da doente abafava os sons do coração.

    Ele enrolou uma folha de papel e, com esse tubo, criou o primeiro estetoscópio e diagnosticou a doença cardíaca.

    Laënnec construiu em seguida um cilindro oco de madeira de 25 cm de comprimento por 2,5 cm de diâmetro. Não patenteou sua descoberta. Na época, o costume era possibilitar a todos os avanços da medicina.

    Depois de dois séculos, há sugestões para aposentar o estetoscópio. Em editorial da revista "Global Heart", da Federação Mundial de Cardiologia, Jagat Narula refere que a entrada dos aparelhos de ultrassom na rotina médica para o coração e pulmão, a cada ano mais precisos e mais portáteis, torna possível essa eventualidade.

    Possível, mas relativa. A área do ultrassom para o diagnóstico cardíaco e pulmonar ainda é recente e suas máquinas são caras. E afasta o contato humano que o estetoscópio proporciona.

    julio abramczyk

    Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
    Escreve aos sábados.

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