Parecem atuais, mas há mais de 30 anos, em um congresso internacional de jornalismo científico realizado em São Paulo, um dos cientistas convidados para debates afirmou que os governantes não sabem nada sobre ciência e nem sabem para que serve a ciência.
Esse cientista era o professor Maurício Rocha e Silva, que descobriu a Bradicinina, substância envolvida na regulação da pressão arterial. Essa relevante descoberta, de repercussão internacional, resultou de uma pesquisa pura e abriu novos campos na área da farmacologia e da fisiopatologia humana.
Rocha e Silva acrescentou: temos de chamar os governantes e ensiná-los a saber o que é ciência. E ciência pura, que nos países ricos resultam em importantes medicamentos vendidos depois em outros países a um preço elevadíssimo.
A Folha publicou que em reunião com seu secretariado o governador Geraldo Alckmin criticou a Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) por priorizar estudos sem utilidade prática.
Essa manifestação do governador Alckmin causou estranheza no meio científico, principalmente por ele ser médico com experiência em anestesiologia, uma área que avançou muito a partir de pesquisas bioquímicas sem utilidade imediata.
Para o professor Celso Lafer, presidente da Fapesp nos últimos oito anos (atualmente é o professor José Goldemberg), o tradicional apoio da instituição à pesquisa científica faz dela merecedora do reconhecimento de todos os paulistas e brasileiros.
Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
Escreve aos sábados.