A preocupação com a saúde dos idosos frequentemente é direcionada para a prevenção de alterações cardíacas ou pulmonares. Com muita razão, já que um discreto distúrbio nesses órgãos após os 70 anos pode ter grave, rápida e fatal repercussão.

Por outro lado, o abdome, uma esquecida caixinha de segredos do idoso, pode abrigar pedras na vesícula com seus respectivos problemas.

O papel da vesícula é armazenar a bile produzida pelo fígado. Entre 500 ml e 1,5 l de bile são conduzidos da vesícula ao intestino por condutos especializados. Quando eles são obstruídos pelas pedras, provocam dor abdominal.

Estudos já mostraram que os sintomas de cálculo na vesícula variam segundo a idade do portador. Para Kuang-Chuin Hu, da Universidade Nacional de Taiwan, em Taipei, adultos jovens apresentam os sintomas clássicos da cólica biliar enquanto idosos podem estar assintomáticos.

No "Journal of the American Geriatrics Society", Hu mostra que a incidência de cálculos na vesícula (formados por colesterol ou sais de cálcio) aumenta com a idade, principalmente a partir dos 70 anos.

Com frequência, o diagnóstico de cálculo da vesícula nos idosos é realizado em um atendimento médico de urgência. Cerca de 8% a 10% desses pacientes eram assintomáticos anteriormente.

Em relação ao tratamento, a idade avançada não está associada a maior incidência de complicações, mas sim a problemas como cirrose hepática e doença cardiovascular.

julio abramczyk

Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
Escreve aos sábados.