• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 11:17:27 -03
    Julio Abramczyk - Júlio Abramczyk

    A mentira piedosa no diagnóstico do câncer

    19/08/2017 02h00

    Getty Images
    Com os avanços nos tratamentos, ficou mais fácil falar sobre a doença com os pacientes
    Com os avanços nos tratamentos, ficou mais fácil falar sobre a doença com os pacientes

    O diagnóstico de câncer era considerado sentença de morte há cerca de 50 anos. A família era informada e ao paciente ficava reservada a mentira piedosa sobre a morte próxima.

    Alguns pacientes intuíam a situação e a aceitavam silenciosamente para evitar dissabor aos familiares. Evitavam denominar o câncer e o chamavam de "aquela doença", da mesma forma que era feito com tuberculose e sífilis.

    Os conhecimentos iniciados há 30 anos e os significativos avanços da última década na área da oncologia tornaram a doença mais fácil de ser abordada por médicos, familiares e pacientes.

    A percepção dos pacientes oncológicos sobre a terminalidade da vida é analisada por Lauren Tana Comin e colaboradores da Universidade do Oeste de Santa Catarina na "Revista Bioética", do Conselho Federal de Medicina.

    Os autores relatam que metástases foram referidas por 35% dos pacientes e que sua presença suscitou reflexão mais ampla sobre a terminalidade. A maioria (51%) nunca havia pensado que estava em uma fase incurável.

    Após explicações sobre manobras de reanimação e seus resultados, cerca de 73% dos pacientes oncológicos analisados não concordaram em ser mantidos vivos apenas por aparelhos no caso de estarem em fase terminal.

    Dos cem participantes do estudo (68% com ensino fundamental; 23%, ensino médio; 6%, ensino superior; 3% analfabetos), só 11% referiram inadequação na comunicação.

    julio abramczyk

    Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
    Escreve aos sábados.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024