• Colunistas

    Saturday, 18-May-2024 09:10:42 -03
    Katia Abreu

    O Brasil do novo G7

    18/10/2014 02h00

    O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou, no dia 7, o World Economic Outlook, panorama econômico mundial, com os dados atualizados do Produto Interno Bruto dos países em termos de paridade do poder de compra: o chamado PIB PPP. A grata surpresa foi a conclusão do jornal "Financial Times" feita com base nos novos números.

    Segundo os cálculos, o Brasil continua em sétimo lugar, com o PIB PPP de US$ 3,1 trilhões. Ao mesmo tempo, um novo "G7 emergente", formado pelos quatro fundadores do bloco Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e mais três do chamado bloco Mint (México, Indonésia e Turquia), ultrapassou o tradicional grupo dos sete países mais ricos em termos de PIB PPP.

    Diferentemente do PIB medido em termos cambiais, apenas convertendo-o em dólares norte-americanos, o PIB PPP expressa o que é possível comprar em valores das moedas locais.

    Pela metodologia da paridade do poder de compra, o PIB da China já ultrapassa o dos Estados Unidos. O país asiático alcançou, portanto, o status de maior economia do mundo, com US$ 17,6 trilhões em riquezas. O PIB PPP norte-americano é avaliado em US$ 17,4 trilhões.

    O novo G7 responde, no conjunto, por um PIB PPP de US$ 37,8 trilhões. Isso é quase 10% mais do que o resultado econômico acumula-
    do pelo conceitual Grupo das 7 nações mais prósperas, que une os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha, a França, o Reino Unido, o Canadá e a Itália. Os ricos somam US$ 34,5 trilhões.

    A posição no ranking do PIB PPP afeta diretamente a atratividade de um país para os investidores estrangeiros, pois representa o tamanho de seu mercado. O Brasil tem agora o desafio de segurar a sétima posição nessa lista.

    O mundo deve crescer 3,3% em 2014 e 3,8% em 2015, conforme divulgado pelo FMI. Mas, se por um lado o país não está acompanhando esse ritmo, temos vantagens singulares, que são privilégio de poucos.

    Afinal, uma série de conflitos armados, divergências e sanções políticas e econômicas afeta o cenário global. O avanço do Estado Islâmico, o conflito entre Israel e
    Palestina e a situação da Ucrânia, que polariza as relações da Rússia com EUA, União Europeia, Canadá, Austrália e Japão, resultam em troca de sanções econômicas.

    Há, ainda, várias disputas territoriais no Leste da Ásia e em outras partes do mundo. Diferentes países dos vários continentes também padecem com guerras civis e em razão de confrontos com o narcotráfico e terroristas.

    No mundo em conflito, o Brasil é poupado. Das dez maiores economias mundiais em termos do PIB PPP, ao lado da China, EUA, Índia, Japão, Alemanha, Rússia e Reino Unido, o nosso país é o mais estável no que se refere ao quadro político e à paz.

    Nossas exportações devem seguir fechando na casa dos US$ 240 bilhões neste ano. Segundo o índice da Heritage Foundation de 2013, o grau de abertura comercial do Brasil ainda está ligeiramente abaixo da média mundial: 69,7 para o Brasil, ante 74,6 para o mundo.

    Mas o agronegócio brasileiro é altamente competitivo. Temos um grande potencial de crescimento, uma vez que a demanda mundial por alimentos aumenta de forma constante. De janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras de produtos do agronegócio somaram US$ 75,9 bilhões e o saldo da balança do setor foi positivo em US$ 63,2 bilhões.

    Não há, portanto, razão para que sejamos contaminados pelo pessimismo. Num cenário sem guerras, catástrofes e disputas territoriais com nações vizinhas, não há dificuldade que não possamos vencer. Ainda que o cenário externo não seja propriamente um mar de rosas, não vivenciamos nenhuma crise econômica insuperável.

    O ambiente político estável nos permite, com poucos ajustes estruturais, reverter o quadro econômico para voltarmos a crescer em ritmo acelerado. Temos tudo para manter a nossa boa posição no ranking das maiores economias do planeta. E melhor: nada nos proíbe de sonhar e de agir para que possamos galgar posição ainda mais relevante.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024