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    Kenneth Maxwell

    Peter O'Toole

    19/12/2013 03h00

    Peter O'Toole morreu nesta semana aos 81 anos de idade. Ele ficou conhecido por seu papel como o temperamental arabista e esteta coronel T. E. Lawrence, no filme "Lawrence da Arábia", clássico dirigido em 1962 por David Lean. Ao longo de sua carreira, O'Toole foi indicado ao Oscar oito vezes, mas jamais ficou com o prêmio. Era o último sobrevivente de uma notável geração de atores beberrões, arruaceiros e dotados de grande sex appeal.

    Estudou na Real Academia de Arte Dramática de Londres (Rada), de 1952 e 1954. Entre seus colegas de tur- ma estavam Albert Finney e Alan Bates. Nascido na Irlanda, ele foi criado em Leeds, uma cidade industrial no West Riding de Yorkshire. Seu pai era irlandês e traba- lhava em tempo parcial como agenciador de apostas, e sua mãe era escocesa e enfermeira.

    Entre 1954 e 1958, O'Toole fez parte da companhia do teatro Old Vic, em Bristol, onde interpretou cerca de 60 papéis, em trabalhos como "Hamlet" e "Como lhe Aprouver", de William Shakespeare. Recordo-me vividamente dele em 1957 como Vladimir, em uma esplêndida montagem de "Esperando Godot", de Samuel Beckett.

    Estudei em um colégio interno na cidade de Taunton. Um dos dirigentes da escola ocasionalmente levava grupos de alunos a Bristol para assistir a peças. Pedi um "scotch" com limão no bar do teatro durante um intervalo. Mal tinha 16 anos. Não sei bem por que fui atendido. Era uma mistura estranha a pedir, mas eu não sabia disso. Posso afirmar que o drinque em nada antecipou o sabor das futuras caipirinhas brasileiras.

    Depois da peça, Peter O'Toole costumava ir ao bar do outro lado da King Street, o Royal Navy Volunteer. O Theatre Royal de Bristol foi construído entre 1764 e 1766. É o mais antigo teatro construído para esse propósito que continua a operar na Inglaterra. A primeira peça da casa estreou em 30 de maio de 1766, e foi estrelada pelo grande ator, dramaturgo e produtor teatral inglês David Garrick.

    Eu trabalhei como ator em peças da escola, e fui convidado a integrar o Na- tional Youth Theatre. Mas também tinha sido aceito no St. John's College, na Universidade de Cambridge.

    Depois que cheguei a Cambridge, participei de uma audição aberta para o teatro da universidade. Mas a audição foi conduzida por Corin Redgrave, da dinastia teatral britânica, então aluno do King's College, Cambridge. Ele estava suntuosamente acomodado em um trono posicionado no centro do palco. Decidi que aquilo não era para mim.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    kenneth maxwell

    Escreveu até julho de 2015

    É historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA). É referência na historiografia sobre o período colonial brasileiro.

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