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    Kenneth Maxwell

    Eleições europeias

    15/05/2014 02h00

    As eleições parlamentares europeias ocorrem na semana que vem. Não que o Parlamento Europeu tenha grandes poderes. Não pode aumentar impostos nem propor legislação, por exemplo. Durante a crise do euro, a instituição se manteve à margem da discussão enquanto a "troica" formada pela Comissão Europeia, BC Europeu e FMI impunha medidas de austeridade e cuidava do resgate de países endividados. Não deve surpreender que partidos antieuropeus, populistas e de extrema direita terminem em primeiro ou segundo lugar no Reino Unido, Dinamarca, Áustria, Grécia e Finlândia.

    Uma nova pesquisa do Pew Research Center em sete países da região aponta para uma frágil recuperação do apoio à União Europeia. A média de opiniões favoráveis agora é de 52%, ante 46% em 2013. Acreditar que a integração econômica beneficia o país dos entrevistados também está em alta no Reino Unido, Polônia e Alemanha, saltando de 26% em 2013 para 38% neste ano.

    Mas o público europeu pode se sentir menos impressionado no dia do pleito. O eleitorado agora abarca 28 países, mas 71% dos cidadãos da UE com menos de 25 anos não votaram na eleição anterior. Pesquisa recente do "Financial Times" e do Instituto Harris constatou que, na Alemanha, 58% dos eleitores pretendem votar em partidos que defendem a manutenção da UE –na França o índice cai a 43% e, no Reino Unido, a 29,6%. Neste, 36% dizem que votarão em partidos que apoiam abandonar a UE e 35% se declaram indecisos.

    O "deficit democrático" da Europa jamais ficou tão exposto. O Ukip (Partido pela Independência do Reino Unido), de Nigel Farage, já empurrou a política britânica para a porta de saída. Na França, Marine Le Pen, da Frente Nacional, planeja uma aliança para demolir o que define como "o monstro de Bruxelas". Na Itália, Beppe Grillo está em segundo nas pesquisas e pode conquistar 25% dos votos –mesmo índice do Partido do Povo Dinamarquês, que faz campanha contra a UE, o multiculturalismo e a imigração. O quadro é o mesmo na Holanda, Áustria, Finlândia e boa parte da Europa oriental. Os partidos céticos sobre a UE podem conquistar um terço dos votos e até 200 dos 751 assentos do próximo Parlamento.

    Le Pen e Farage disputam quem é (ou não é) mais (ou menos) racista. Os motivos são claros. Só 22% dos pesquisados estão satisfeitos com a atual situação de seus países. Os menos satisfeitos são os gregos (5%), os espanhóis (8%) e os italianos (9%). Na Alemanha, 59% dizem que seu país está na direção certa. Nos sete países pesquisados, 52% dizem que os imigrantes são um fardo por ocupar empregos e receber benefícios e 55% querem a admissão de menos imigrantes, incluindo maiorias na Itália, Grécia, França e Reino Unido.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    kenneth maxwell

    Escreveu até julho de 2015

    É historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA). É referência na historiografia sobre o período colonial brasileiro.

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