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    Kenneth Maxwell

    William Blake

    18/12/2014 02h00

    "William Blake, Apprentice & Master" é uma magnífica exposição em cartaz no Ashmolean Museum, em Oxford. Seu foco é o aprendizado de Blake como gravurista, seu trabalho inovador como artista gráfico, e seus anos finais de extraordinária influência sobre um grupo de artistas mais jovens. A mostra inclui também uma reconstituição do estúdio de gravura de Blake, com a impressora de madeira e placas de cobre que Blake usava para produzir suas "gravuras iluminadas".

    Blake (1757-1827) era um homem de origens modestas. Foi enviado à Pars's Drawing School for Boys por seu amoroso pai, dono de uma pequena loja de camisas e meias em Londres. Depois ele se tornou aprendiz de James Basire, famoso gravurista de textos antigos e científicos para a Royal Society. Blake foi posteriormente admitido às escolas da Royal Academy, embora não aprovasse sir Joshua Reynolds, o presidente da academia, que ele disse ter sido "contratado para deprimir a arte".

    Blake sempre se preocupou com a justiça social. Ele inicia assim o poema "London", de "Songs of Experience" (em tradução de Lucas Bertolo):

    "Vago por todas as ruas ancestrais / Donde o ancestral Tâmisa se esvai / E remarco em cada rosto ao redor / Marcas de fraqueza, marcas de dor."

    Em seu poema "The Tyger", Blake deduz as qualidades do criador das qualidades de sua criação:

    "Tigre, Tigre, brilho e centelha / Nas florestas da noite incendeias / Que mão ou olho imortal ousaria / Engravar tua terrível simetria?"

    Blake teve um casamento feliz. Sua mulher, Catherine Sophie Boucher, que ele ensinou a ler e a escrever, se tornou colaboradora bem próxima em seu trabalho.

    A partir de 1787, ele desenvolveu um método de gravura em relevo que permitia que combinasse rápida e economicamente suas inspirações visuais e literárias em uma mesma página, e depois disso toda a poesia que ele publicou combinava palavras e imagens entrelaçadas. Blake jamais foi rico e não foi reconhecido em vida. Suas maravilhosas "gravuras iluminadas" eram produzidas em edições muito pequenas.

    Mas Deus e o infinito estavam sempre visíveis em toda parte para Blake.

    Em "Auguries of Innocence" (1807), ele escreveu:

    "Para num Grão de areia o Mundo ver / E o Paraíso numa Flor radiante / Na palma da mão o Infinito reter / E a Eternidade num instante."

    "Jerusalem", de Blake, no arranjo de C. Hubert Parry, é executada na última noite dos promenade concerts do Royal Albert Hall, de Londres, a cada ano. Um hino inspirador para lembrar o maior poeta do povo londrino.

    *

    Os poemas originais:

    "I wander thro' each charter'd street / Near where the charter'd Thames does flow / And mark in every face I meet / Marks of weakness, marks of woe."

    *

    "Tyger, Tyger, burning bright / In the forests of the night: / What immortal hand or eye / Could frame they fearful symmetry?"

    *

    "To see the World in a Grain of Sand / and Heaven in a Wild Flower, / Hold Infinity in the palm of your hand / And Eternity in an hour."

    kenneth maxwell

    Escreveu até julho de 2015

    É historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA). É referência na historiografia sobre o período colonial brasileiro.

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