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    Kim Kataguiri

    Esquerda quer enfiar sua pauta goela abaixo do MBL

    14/02/2017 08h00

    Bruno Santos - 4.dez.2016/Folhapress
    Os grupos Vem Pra Rua e MBL (Movimento Brasil Livre) realizam protesto na Avenida Paulista depois que a Câmara aprovou uma versão desfigurada do pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público
    MBL e grupos realizam protesto depois que Câmara aprova versão desfigurada do pacote anticorrupção

    "Não era contra a corrupção? Onde estão as panelas? Era só para tirar a Dilma?" Esse é o novo coro da esquerda moralista, que nunca criticou figuras como Eduardo Cunha e Renan Calheiros enquanto ainda eram aliadas do PT.

    Qual é o verdadeiro incômodo? O debate sobre as reformas previdenciária, tributária e trabalhista proposto pelo governo. Se o problema realmente fosse corrupção, os esquerdistas não teriam saído de vermelho às ruas em 2015 e 2016 para chamar Lula -que, além de ser réu em cinco ações diferentes, foi, segundo a Procuradoria-Geral da República, peça-chave do maior escândalo de corrupção da história do país- de "guerreiro do povo brasileiro".

    O grande problema é o "fim dos direitos". Qual direito? A isso, eles não sabem responder. Talvez seja o direito de ficar desempregado. Ou o de pagar os impostos mais altos da América Latina. Ou ainda o de ser obrigado a financiar um esquema de pirâmide estatal que rouba dos mais pobres para financiar a elite do funcionalismo público.

    "Mas, no governo Temer, também há gente citada na Lava Jato!" Fato. E nós pressionamos e continuamos a pressionar para que todos eles caiam. Onde estava a esquerda quando o MBL cobrou do governo a queda dos ex-ministros Henrique Alves, Geddel Vieira Lima e Romero Jucá? Onde estava a esquerda quando o MBL saiu às ruas em defesa da Operação Lava Jato?

    O mais engraçado é ver toda essa gente que dizia que o juiz Sergio Moro era "tucano", "golpista", "financiado pela CIA" e "treinando pelo FBI" posando de vanguardista da moral e égide da probidade e da decência. Não era ele o juiz que só perseguia o PT e que, na verdade, só queria acabar com o governo Dilma porque estava a mando das elites? Não era ele o "assassino", responsável pela morte de Dona Marisa? O que mudou em tão pouco tempo?

    "Ah, mas o Alexandre de Moraes, que é tucano, quer acabar com a Lava Jato, vai ser indicado para o STF, e vocês não fizeram manifestação!" O MBL defendeu o nome de Ives Gandra Martins Filho, presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), para o STF. Infelizmente, o nome não prosperou. Vamos fazer manifestação porque fomos contrariados? Não! Assim como não o fizemos quando Edson Fachin, jurista que atuou na campanha de Dilma Rousseff, foi nomeado. Gostem ou não, cabe ao presidente da República nomear pessoas para o Supremo. É a lei.

    Alexandre de Moraes pode acabar com a Lava Jato? Sim, desde que desenvolva superpoderes, como o de trocar de turma e votar por cinco ministros. Como assim? Ora, a Segunda Turma do STF, que é responsável pelas decisões envolvendo a Lava Jato, tem mantido praticamente todas as decisões do juiz Sergio Moro, que, muitas vezes são enrijecidas pela segunda instância.

    Se aprovado pelo Senado, Moraes irá para a Primeira Turma. Ou seja: não vai votar na grande maioria das questões que envolvem a Lava Jato. Ainda que fosse para a Segunda, seu voto, por si só, não seria vitorioso de saída.

    Portanto, caros amigos esquerdistas, desistam. O falso moralismo de vocês não cola. Já vimos a barbárie que vocês promovem tanto dentro como fora do poder. O que realmente os incomoda são as reformas liberais que o MBL sempre defendeu e continuará a defender. Partam para um debate sério, tentem mostrar que as alterativas que apontamos seriam ruins para o Brasil e para os brasileiros.

    Já escrevi nesta coluna: as ruas pautaram Brasília no processo de impeachment. Mas não ruas quaisquer: eram e são contra a roubalheira, mas também contra o assalto à institucionalidade.

    Nós pautamos Brasília. Não venham as esquerdas, agora, tentar nos pautar, certo, Janio de Freitas?

    É coordenador do Movimento Brasil Livre.

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