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    Leandro Narloch

    Alckmin, Aécio, deixem Doria ser presidente

    15/03/2017 08h19

    Danilo Verpa - 09.jan.2016/Folhapress
    SAO PAULO - SP - 09.01.2016 - Encontro do prefeito Doria com o governador Alckmin com secretarios municipais e estaduais para firmarem parceirias entre estado e municipio. O evento foi realizado no Palacio dos Bandeirantes. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, COTIDIANO)
    Alckmin e Doria durante encontro para anunciar pacote de parcerias

    Não tenho a menor ideia se João Doria será um bom prefeito de São Paulo. Mas o pouco que sei sobre ele é o bastante para considerá-lo o melhor candidato tucano à presidência. Doria não está manchado pela Lava Jato, é muito bom de marketing e tem mais habilidade social e capacidade de unir a direita que Aécio Neves ou Geraldo Alckmin.

    Aécio mal consegue ganhar uma eleição em Minas Gerais. Foi derrotado por Dilma em seu próprio Estado; seu candidato a prefeito perdeu para um cara do PHS.

    Mesmo se escapar do inquérito solicitado pelo procurador Rodrigo Janot, Aécio terá a imagem manchada pelas notícias que o relacionam à Lava Jato. Não será renovação, e sim mais do mesmo.

    Já Alckmin, na eleição de 2006, conseguiu a proeza de ter menos votos no segundo turno que no primeiro. O trauma da derrota deveria ser suficiente para ele nunca mais disputar a Presidência.

    Naquela campanha, Lula o acusou de privatizador. Alckmin caiu no jogo. Cena patética, apareceu vestido com um boné do Banco do Brasil e jaqueta repleta de logomarcas de estatais, o que só deu força à acusação de Lula.

    Doria faria diferente em 2006. Chamaria privatização de "desestatização para o povo" e anunciaria a partilha das ações das estatais entre os brasileiros.

    Por muito tempo o PSDB foi uma oposição amestrada, que corria atrás da agenda pública imposta pelo PT. Comportamento raro entre os tucanos, Doria não tem medo de marcar posição e impor sua agenda. Diz sem medo que fará o "maior programa de privatização da história de São Paulo".

    Essa coragem entusiasma a direita. Quem votaria em Bolsonaro ou em Ronaldo Caiado fica mais tentado a voltar para o PSDB. Doria tem mais chances de unir direita xucra, a direita moderada e a direita festiva.

    Alckmin, com aquela cara de engenheiro, de picolé de chuchu, é o avesso do Rio de Janeiro ou do Nordeste. A imagem de anti-brasileiro cola muito bem nele. Entre um poste e Alckmin, cariocas e nordestinos votarão em peso no poste.

    Já Doria tem mais carisma e habilidade social. Conciliador, vai andar de bicicleta com os cicloativistas. Tem um toque de Berlusconi, de Silvio Santos. Dá entrevista vestido de gari, aparece de madrugada varrendo o lixo deixado pelos blocos de Carnaval. Lembra também Boris Johnson, o ex-prefeito de Londres que faz um tipo conservador fanfarrão e sincericida.

    Alckmin, Aécio: deixem de lado essa fixação com a presidência. Muito mais divertido ser conselheiro do presidente, talvez embaixador em Roma ou Nova York. Presidentes ficam tempo demais sob holofotes —e João Doria gosta muito mais de holofotes que vocês.

    leandro narloch

    Jornalista, mestre em filosofia e autor do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", entre outros. Escreve às quartas.

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