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    Leandro Colon

    Discussão sobre isenção de visto nos EUA perde força no governo Temer

    30/07/2016 02h00

    BRASÍLIA - Não aposte que o governo de Michel Temer, em caso de impeachment de Dilma Rousseff, vai selar tão cedo um acordo com os Estados Unidos pelo fim da exigência de vistos entre os dois países, uma histórica demanda de turistas e empresários brasileiros.

    É com pessimismo que se discute essa hipótese nas rodas do Itamaraty, apesar de movimentos, nos dois últimos meses, do chanceler José Serra para buscar informações sobre as chances de obter sucesso na negociação com os americanos.

    "O Brasil sempre se dispôs a negociar, mas os obstáculos são extremamente complexos", disse nesta sexta (29) à coluna o embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras e de Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty.

    "Difícil" foi a palavra usada por Sérgio Amaral, indicado para ser o novo embaixador de Washington, ao falar do tema em recente entrevista publicada pela Folha.

    Não deve prosperar nem a ideia de incluir no "Global Entry" 5.000 brasileiros que viajam com frequência aos EUA. O programa agiliza controle de passaporte no território americano mesmo com visto.

    Confrontado com essa proposta em reunião, Temer considerou um equívoco privilegiar uma minoria diante de um cenário de 2,2 milhões de brasileiros que visitaram o país em 2015.

    Os americanos nos dão, por exemplo, a chance de aderir ao "Visa Waiver", que permite a permanência nos Estados Unidos por até 90 dias — hoje, 38 países fazem parte deste programa de isenção de visto, sendo só o Chile na América Latina.

    Para aceitar um membro, os EUA fazem exigências, como o acesso a dados de viajantes. O Itamaraty resiste porque pode levar o Brasil a compartilhar informações tributárias e criminais dos seus cidadãos.

    Enquanto falta consenso, vale mais aguentar a burocracia para tirar um visto americano do que abrir mão de privacidade e da soberania do país.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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