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    Leandro Colon

    Autoridades reagem com gestos inócuos aos massacres nos presídios

    07/01/2017 02h00

    BRASÍLIA - Os recentes massacres em presídios expõem um comportamento padrão das autoridades ao reagirem a esse tipo de crise.

    De imediato, sob pressão, convocam reuniões emergenciais para ficar bem na foto. Depois, divulgam medidas recheadas de números e milhões de reais que não fazem nem cócegas no inferno que virou o precário sistema prisional do país.

    E assim seguem até que logo mais o assunto seja esquecido e um novo caso ecloda com mortes, rebelião ou outro episódio de confusão em uma penitenciária superlotada.

    A presidente do STF, Cármen Lúcia, por exemplo, viajou ao Amazonas e de lá saiu tratando como fato relevante a criação de um grupo de trabalho que vai monitorar a melhoria nos presídios do Estado.

    O presidente Michel Temer, por sua vez, montou uma reunião no Planalto para divulgar ações que passam longe do drama de Manaus. No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) anunciou a liberação de verba para novos presídios, que, na prática, resolvem o problema de 0,4% do deficit prisional. No dia seguinte, passou horas detalhando a jornalistas um vago e requentado plano de segurança nacional.

    Ao mesmo tempo, Roraima confirmava a morte de 31 presos —assim como em Manaus, com cenas de decapitação e mutilação dos corpos.

    Segundo o governo estadual, o Ministério da Justiça negou recente pedido de "urgência" para ajudar a controlar o "clima de tensão" na região gerado pelo caos carcerário.

    Aliás, custa entender a estratégia política e de comunicação do governo Temer. Após um silêncio por três dias, o presidente apareceu e soltou a frase de que a matança no Amazonas foi um "acidente pavoroso".

    Com gestos vacilantes e frases equivocadas, as autoridades se esquivam de um dos pilares de sustentação da falência prisional: o crescimento de facções criminosas destemidas que controlam cadeias e agem, cada vez mais, fora delas.

    Alan Marques/Folhapress
    O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, dá entrevista sobre o plano de segurança
    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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