• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 08:59:59 -03
    Leandro Colon

    Com articulação frágil, Temer assume negociação para aprovar reforma

    10/04/2017 02h00

    BRASÍLIA - O presidente Michel Temer nega recuo ao aceitar mudanças na reforma da Previdência e minimiza a discussão sobre a fragilidade de sua base de apoio, aparentemente não tão sólida como na aprovação da PEC do teto de gastos.

    Não há outro discurso para Temer após a principal reforma de seu governo entrar na reta final na Câmara. Mas não há também como esconder os sinais de turbulência na articulação política do Planalto.

    Nas palavras de um assessor próximo do presidente, o "articulador hoje do governo se chama Michel Temer". Não à toa ele tomou a rédea na semana passada na reunião com o relator do texto da proposta, o deputado Arthur Oliveira Maia.

    Os dois principais negociadores do Planalto com o Congresso estavam à mesa: os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

    Padilha, além dos problemas de saúde que o abalaram, é um ferido de guerra pelos torpedos que já levou da Lava Jato. O tucano Imbassahy dialoga com o alto clero, sobretudo dentro do PSDB, mas tem pouca interlocução entre os demais partidos de sustentação do governo.

    É nítida a falta que Temer sente de Geddel Vieira Lima, hábil negociador e contador de votos no Congresso —a queda dele do ministério, após o escândalo do prédio de Salvador, se reflete agora em uma negociação política fundamental.

    Na entrevista dada à Folha na sexta (7), Temer disse que sua atuação corpo a corpo "não significa enfraquecimento" da articulação.

    Em uma declaração polêmica e facilmente contestável, ele disse que não cometeu erros em 11 meses de governo. "Eu cometi acertos."

    Temer tem razão quando diz ser precipitada a projeção de placar, afinal o jogo começa para valer após a votação na comissão. Ele, porém, sabe que a falta de diálogo pode comprometer a reforma e o sucesso de sua gestão. Será um erro inquestionável e tardio para ser corrigido.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024