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    Leandro Colon

    Com denúncia prevista e prisão de Loures, resta a Temer adiar TSE

    05/06/2017 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso na manhã deste sábado (3)
    O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso na manhã deste sábado (3)

    Três fatores preponderam para traçar o destino de Michel Temer no Planalto: o julgamento do TSE, a denúncia que está por vir da Procuradoria-Geral da República e a prisão de Rodrigo Rocha Loures.

    De alguma maneira, todos se cruzam na crise. Se por um lado o presidente avalia ter maioria para ser absolvido na ação eleitoral, por outro, se for concluído nos próximos dias, o processo deixa de ser uma alternativa de negociação para a saída do peemedebista do cargo diante de um cenário político irreversível.

    E por que seria importante para Temer deixar a porta do TSE entreaberta? Não há dúvidas em Brasília de que o procurador-geral, Rodrigo Janot, o denunciará em breve. Temer será um presidente denunciado, e o roteiro, previsível: nas cordas, ele precisará negociar com os deputados a recusa da ação penal - pelas regras, dois terços da Câmara têm de dar autorização ao Supremo para instalar qualquer processo por crime comum contra o presidente.

    Temer terá de ceder, abrir os cofres, distribuir cargos. Será uma batalha inédita e constrangedora para o titular da cadeira presidencial. Soma-se a isso a provável permanência na prisão, por tempo indeterminado, de Rocha Loures, o homem da mala e ex-assessor palaciano.

    Apesar do discurso do advogado de Loures de que não há delação prevista, só a hipótese de que mude de ideia já atormenta o presidente.

    O desembarque do indeciso PSDB pode ser acelerado, por exemplo, com a denúncia da Procuradoria e novos fatos envolvendo Loures.

    E sem aliança formal com os tucanos, Temer perde força para barrar o processo no STF. Se o TSE absolvê-lo, restará a renúncia como mecanismo de saída (impeachment não vinga pela demora na tramitação).

    Criou-se o estigma no país de que renúncia é sinal de fraqueza e covardia -como se o cargo pertencesse às pessoas e não às instituições. Por isso, para Temer, o julgamento eleitoral não pode terminar agora.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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