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    Leandro Colon

    Citações de Joesley e Funaro sobre Geddel indicam tática para encurralar Temer

    19/06/2017 02h00

    Evaristo Sa -15.jun.2016/AFP
    Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, e o presidente Michel Temer

    BRASÍLIA - Além das acusações disparadas contra o presidente, Joesley Batista declarou à revista "Época" que Geddel Vieira Lima era o "mensageiro" de Michel Temer para garantir o silêncio dos presos Eduardo Cunha e Lúcio Funaro.

    "De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois", disse o sócio da JBS sobre Geddel.

    No dia 2 de junho, Funaro, apontado como o doleiro operador do PMDB, prestou um depoimento esquisito à Polícia Federal. Negou ter recebido dinheiro da J&F em troca de silêncio e mencionou o nome de Geddel no fim do interrogatório.

    Funaro contou que o político "era de fato o principal contato de Joesley" com o governo Temer e que "estranha alguns telefonemas que sua esposa tem recebido de Geddel". "No sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a fazer um acordo de colaboração premiada", afirmou o doleiro.

    Talvez seja só uma coincidência que Joesley tenha reforçado a versão de Funaro. Nenhum dos dois, pelo menos nas afirmações de conhecimento público, deu detalhes sobre a ação que atribuem a Geddel.

    Pode ser que forneçam sigilosamente alguma pista ou que a própria polícia siga o rastro das declarações de ambos para confirmar uma suposta atuação do ex-ministro de Temer para calar delatores.

    Fato é que Geddel sempre foi um operador desse grupo do PMDB.

    Há uma semana, em um claro sinal de preocupação com uma possível prisão, ele ofereceu ao Supremo seus sigilos bancários e o passaporte. Fez ainda a promessa de não movimentar mais de R$ 30 mil sem que as autoridades sejam avisadas.

    Henrique Alves, Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures, todos do círculo político íntimo do presidente, estão na cadeia. Geddel será o próximo? Difícil prever, embora esteja bem evidente a estratégia de investigação para encurralar Temer.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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