• Colunistas

    Tuesday, 07-May-2024 06:47:00 -03
    Leandro Colon

    Se der bobeira, Temer corre risco de não segurar flecha de Janot

    03/07/2017 02h00

    José Cruz - 5.out.2016/Agência Brasil
    Brasília 05.10.2016- O presidente Michel Temer e o ministro do STF, Rodrigo Janot participam de sessao comemorativa ao 28º aniversario da Constituicao Federal do Brasil (Jose Cruz/Agencia Brasil) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O presidente Michel Temer e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em sessão do STF

    BRASÍLIA - O jogo da denúncia contra Michel Temer parece ganho no plenário da Câmara, embora enquete publicada pela Folha no domingo (2) mostre que o presidente precisa se precaver para evitar a zebra.

    Os números apontam enorme distância até os 342 votos necessários para a Câmara autorizar o STF a decidir se aceita a acusação, afastando Temer do cargo por 180 dias. E hoje existe teoricamente uma base mínima de 172 parlamentares para impedir o andamento do processo.

    Sinais emitidos deveriam, porém, despertar a atenção do governo. Apenas 45 deputados afirmaram que são contrários à denúncia. A favor de sua continuidade estão 130, 212 a menos do que os exigidos 342. Dos que responderam, 57 não se posicionaram. E 168 não retornaram ao questionamento, sendo que muitos são da base aliada do Palácio do Planalto.

    É natural que deputados dispostos a barrar a denúncia prefiram o silêncio. A votação em plenário deve levar algumas semanas —provavelmente será na última de julho—, não havendo razão política para exposição pública tão cedo a uma pressão contra um presidente que amarga míseros 7% de aprovação.

    Alguns dados, no entanto, são sintomáticos e revelam áreas de contenção para o governo. Uma delas está no próprio PMDB de Temer: 18 de seus 63 deputados informaram não ter uma posição formada. É quase um terço da bancada a ser convencido a segurar a denúncia.

    Nenhum deputado do DEM, partido que conta com ministro na Esplanada, declara voto abertamente. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), será o beneficiário imediato de uma possível saída de Temer, seja por assumir a cadeira no Planalto em eventual transição, seja como potencial candidato em eleição indireta no Congresso.

    O procurador-geral, Rodrigo Janot, avisou no sábado que "enquanto houver bambu, lá vai flecha". Se Temer der bobeira, corre sério risco de ficar sem escudos para segurá-la.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024