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    Leandro Colon

    Economia não tem fôlego para esperar incerteza sobre denúncia

    24/07/2017 02h00

    Adriano Machado/Reuters
    Brazil's President Michel Temer reacts during a ceremony at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil July 13, 2017. REUTERS/Adriano Machado TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: BSB202
    O presidente de Brasil, Michel Temer, durante cerimônia no Palácio do Planalto

    BRASÍLIA - O recesso parlamentar costuma ser um período pacato e escasso em termos de notícias políticas e econômicas. Mesmo assim, o governo de Michel Temer conseguiu a proeza de gerar uma agenda negativa para o presidente com o aumento de imposto sobre os combustíveis.

    Era o que Temer menos precisava agora. Logo depois do anúncio da medida, ele declarou, em viagem a Mendoza, que a população "irá compreender" a decisão. Veio com o blá-blá-blá de que ela será fundamental para cumprir a meta fiscal.

    Temer deveria ter a coragem de admitir que a crise política em que o governo se meteu tem grande parcela de culpa na redução de receita e no consequente reajuste de tributo.

    Conforme mostrou aFolha no sábado (22), são R$ 6,1 bilhões a menos com a desconfiguração do novo Refis, o fiasco do programa de desoneração da folha de pagamento, entre outras coisas que dependem do Congresso. Sem falar da reforma da Previdência, que empacou após o escândalo das revelações da JBS. Sua aprovação na Câmara estava prevista para junho –logo depois, seguiria para o Senado. Se o cronograma tivesse sido mantido, certamente seria outra a expectativa de rombo nas contas públicas e a de aumento de imposto no curto prazo.

    Hoje é remota a chance de a denúncia da PGR contra Temer receber os 342 votos necessários dos deputados para autorizar o STF a decidir se o transforma ou não em réu. E pequena é a possibilidade de haver quórum para a votação no dia 2 de agosto. São sinais que poderiam ser celebrados no Planalto, se eles não fossem, de certo modo, perigosos.

    O país perde com o discurso do governo de que cabe à oposição colocar o número suficiente de votantes em plenário e de que não há problemas em protelar a votação. Perde porque o Congresso vai parar à espera de uma solução –ademais, em breve teremos mais uma denúncia da PGR. A economia não tem fôlego para ficar refém dessa incerteza.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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