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    Leandro Colon

    Base aliada de Temer sairá enfraquecida após segunda denúncia

    23/10/2017 02h00

    Renato Costa/FramePhoto/Folhapress
    CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara inicia debate sobre 2ª denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), em Brasília
    CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara inicia debate sobre 2ª denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), em Brasília

    A Câmara deve barrar a segunda denúncia da PGR contra Michel Temer nesta quarta (25).

    A votação representará politicamente o fim de um ciclo sem precedentes. Em menos de três meses, os deputados terão barrado duas acusações criminais contra o presidente.

    Gravado em uma conversa espúria com um dos empresários mais ricos e influentes do país, Temer quase renunciou. Segurou-se no cargo pela falta de alternativas de poder e sobretudo por causa das fragilidades na delação da JBS, que já eram evidentes naquele mês de maio.

    Ele contou ainda com a benevolência do TSE, que, em meio à crise do episódio de Joesley Batista, ignorou as provas de abuso de poder econômico da chapa Dilma-Temer, vencedora na disputa de 2014.

    Cinco meses após ser revelada, a colaboração da JBS caiu em descrédito. Joesley e seu parceiro de gravações, Ricardo Saud, estão na cadeia.

    Portanto, Temer deveria transformar o resultado de quarta em uma virada política de seu mandato, com as duas denúncias da PGR derrotadas e seu algoz atrás das grades.

    O presidente, porém, corre risco de sair ainda mais fraco e com uma fatura alta para quitar com sua base parlamentar de apoio. Sobreviveu, é fato, mas sob alto custo político.

    Até agora, aliados do Planalto calculam que o placar na Câmara tende a ficar abaixo dos 263 votos obtidos para segurar a primeira denúncia. Há quem aposte em perda de ao menos 25 deputados. Uma queda considerável, levando em conta, por exemplo, a necessidade de 308 dos 513 para aprovar emenda constitucional, mecanismo utilizado para a reforma da Previdência.

    Temer tem de reagir caso queira, passada a página da JBS, acelerar uma agenda de votações no Congresso. Se não o fizer, terá arranhada a pecha de reformista que tenta emplacar. Deixará como único legado de gestão, no fim de 2018, a impopularidade recorde e os escândalos graves em que se meteu no cargo.

    leandro colon

    É diretor da Sucursal de Brasília. Foi correspondente na Europa, baseado em Londres, de 2013 a 2015. É vencedor de dois Prêmios Esso e de um Prêmio Folha de Jornalismo. Escreve às segundas.

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