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    Leão Serva

    SP terá mais ônibus de madrugada

    02/02/2015 03h00

    Os ônibus de São Paulo vão passar a atender a demanda dos paulistanos que ficam sem transporte para trabalhar ou voltar para casa entre 0h e 6h. A "rede da Madrugada" vai operar já a partir do dia 28 de fevereiro, oferecendo linhas que funcionarão como "dublê do Metrô", seguindo o trajeto do trem subterrâneo no horário em que ele não funciona, e dali para os bairros.

    Esse será o primeiro passo de uma organização dos ônibus conforme necessidades específicas de determinados horários.
    Depois, com a nova concorrência, serão implantadas redes diferentes conforme cada período do dia ou da semana. Além da madrugada, haverá uma organização própria para: horário de pico; entre picos; sábado e domingo.

    No sábado, a Folha mostrou que a nova licitação do transporte coletivo municipal vai estabelecer três sistemas: 1) "Estrutural" –grandes ônibus circulando como trens nos corredores e avenidas–; 2) "alimentador" ou "coletor" –veículos de médio porte que levam passageiros dos centros de cada bairro até o sistema estrutural–; 3) "intra bairro" –linhas locais de micro-ônibus, que circulam nas áreas residenciais.

    Para usar a linguagem dos computadores, os três níveis estruturais serão como o "hardware"; já as cinco redes organizadas por períodos, são o software. A cada momento, linhas e veículos serão rearranjados para atender o usuário típico daquela hora. O pico continuará tendo "carga total", com o maior número de carros operando. No entre picos, há maior demanda de viagens curtas; no domingo, a necessidade do usuário é diferente dos outros dias.

    "Até hoje, sempre pensamos uma rede com oferta de carros maior nas horas de pico e menor fora delas. Só que a cidade não se comporta assim. Tem gente que circula de madrugada e precisa de linhas que não existem, seguindo o trajeto do metrô; no domingo as pessoas buscam o lazer, não o trabalho. Agora teremos cinco redes adaptadas ao usuário de cada momento", explica o secretário de Transportes, Jilmar Tatto.

    CENTRAL OPERACIONAL

    Como a Folha revelou no domingo, a reestruturação vai incluir a redução do número de veículos. Muita gente estranha, mas quem observa os transportes públicos na cidade sabe que há falta de gestão, não de veículos. Se o projeto de sistema Estrutural e Alimentador for bem realizado desta vez (em 2004, ficou apenas no papel), vão acabar os desequilíbrios, como centenas de carros vazios, parados em fila nos corredores do centro quando outros estão lotados na periferia.

    Para coordenar o sistema, a concorrência a ser anunciada em fevereiro vai prever a criação de Centrais de Monitoramento, com pessoal, softwares, GPS e comunicação para acompanhar o movimento dos ônibus e intervir em tempo real se houver imprevistos de qualquer natureza.

    Essas centrais vão permitir também a fiscalização remota dos ônibus, on-line. "Não é possível pensar em fiscais hoje em dia trabalhando com caneta e papel", diz o prefeito Fernando Haddad.

    De todas as novidades noticiadas pela Folha, Francisco Christovam, presidente do SP Urbanuss (sindicato das empresas), considera essa a mais relevante: "Quando o ônibus sai da garagem, a gente pensa: 'Deus te proteja, meu filho' e reza para ele chegar no ponto final. As centrais podem mostrar se ele teve problemas, corrigir o percurso, aumentar oferta, etc.".

    leão serva

    Ex-secretário de Redação da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve às segundas.

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