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    Leão Serva

    Paulistas são contra aborto de fetos com microcefalia

    04/04/2016 02h00

    Os casos de microcefalia, associados às doenças provocadas pelo zica vírus em mulheres grávidas, ensejaram manifestações de grupos favoráveis ao aborto em defesa do direito de interrupção da gravidez para vítimas da doença.

    O argumento se baseia numa interpretação da lei que autoriza o aborto em caso de risco de vida para a mãe ou o feto. Os defensores do direito à interrupção da gravidez incluem a microcefalia como risco de vida, o que não encontra amparo médico.

    Sem apoio científico, a ideia tampouco é endossada pela opinião pública. Uma pesquisa feita no Estado de São Paulo constatou que a maioria dos paulistas (48% x 31%) é contra o aborto em casos de microcefalia.

    Essa recusa dispara a um nível de quase unanimidade quando a pessoa que se diz contra é inquirida sobre o que faria se o problema acontecesse consigo —89% das mulheres contrárias dizem que não fariam aborto ou na hipótese de uma gravidez de sua companheira, 91% dos homens também seguiriam contra.

    A empresa Pró-pesquisa, que faz levantamentos de opinião pública para institutos de pesquisa e agências, entrevistou mil paulistas representativos da população do Estado, a pedido da coluna. O resultado mostra diferenças de opinião importantes entre os moradores da capital, da Grande São Paulo e das demais áreas do Estado.

    Os paulistanos se dividem sobre o aborto em caso de feto com microcefalia: 36% a favor e 36% contra (com um percentual elevado de pessoas que não quiseram opinar). Já na Região Metropolitana de SP (exceto a capital) a maioria (53%) é contra, 33% a favor e 14% não opinaram. No Interior, 52% contra, 27% a favor e 21% se abstiveram.

    Entre aqueles que são contra, a opinião sobre o que fariam se acontecesse consigo se mantém semelhante em todas as regiões. Um aspecto que chama atenção: considerando a faixa etária, entre os jovens (16 a 44 anos) 51% são contra o aborto em casos de microcefalia (30% a favor); já entre os mais velhos (acima de 45 anos) essa maioria cai para 42% x 33%.

    Considerando outras estratificações, os mais ricos são mais divididos (42% contra x 41% a favor) como também os que têm ensino superior (41% a favor x 40% contra). E as mulheres são mais contrárias ao aborto (49%) do que os homens (46%).

    Apesar dessa oposição majoritária da opinião pública, desde que surgiu a polêmica, os grupos pró-aborto obtiveram maior ressonância na mídia, por gritarem mais ou por terem uma acolhida maior entre os veículos jornalísticos.

    leão serva

    Ex-secretário de Redação da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve às segundas.

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