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    Leão Serva

    Gestão Haddad tem dívida de quase R$ 200 mi com empresas de ônibus

    19/09/2016 02h00

    Eduardo Anizelli-16.set.2016/Folhapress
    Fernando Haddad durante evento na Casa de Portugal, na região central de São Paulo
    Fernando Haddad durante evento na Casa de Portugal, na região central de São Paulo

    A Prefeitura de São Paulo fechou a última sexta (16) devendo R$ 193 milhões às empresas de ônibus da cidade, tanto concessionárias quanto permissionárias (as antigas cooperativas). O valor correspondente ao subsídio de um mês do serviço de transportes coletivos sobre pneus e é o maior atraso desde o início da administração Haddad, em janeiro de 2013.

    As passagens pagas não cobrem todos os custos do sistema de ônibus de São Paulo, uma vez que mais da metade dos usuários têm benefícios, chamados "gratuidades", como meia tarifa para estudantes, passagem gratuita para idosos e carentes, e as conexões de quem pega mais de um ônibus com o bilhete único. A diferença entre a arrecadação nas catracas e o custo é coberta pelo tesouro municipal com o que se costuma chamar erroneamente de subsídio. Ele corresponde a cerca de um terço do custo total do sistema.

    No ano passado, o prefeito Haddad disse aos empresários do setor que em 2016 o pagamento de gratuidades deveria atingir no máximo o mesmo valor pago em 2015, cerca de R$ 1,9 bilhão. No entanto, o custo até o final de agosto já foi de R$ 1,6 bilhão, projetando um valor total, até 31 de dezembro, de aproximadamente R$ 2,4 bilhões –R$ 500 milhões a mais do que a expectativa de Haddad e do que foi orçado. Em outros anos, a prefeitura remanejou dinheiro de outras áreas para transportes.

    O problema este ano é que o aumento dos custos além do orçamento coincide com uma violenta queda de arrecadação (dos municípios brasileiros em geral). Analistas da execução orçamentária municipal dizem que não há sinais de atrasos importantes em outras secretarias. Mas entendem que Haddad terá dificuldade para remanejar dinheiro de outras áreas, por decorrência da recessão.

    A administração contava com uma redução de custos com a implantação do novo sistema de gestão dos ônibus, com a concorrência iniciada em 2015. A nova rede de linhas deveria trazer mais eficiência e economias. Mas o processo foi suspenso por questionamentos do Tribunal de Contas do Município. Liberado às vésperas da campanha eleitoral, está parado à espera de ajustes e do resultado das urnas.

    Pequenos atrasos têm ocorrido desde o início de 2016, considerados dentro da normalidade da burocracia do poder público. Mas aumentaram nos últimos meses, atingindo o correspondente a um mês de serviços na semana passada.

    DEBATA MOBILIDADE COM OS CANDIDATOS

    A próxima quinta (22) é o Dia Mundial Sem Carro. É um convite para que todos os brasileiros que andam sempre de automóvel experimentem outras formas de deslocamento. Planeje e verá que é mais confortável e menos estressante.

    Para os candidatos a prefeito, criticados por proporem apenas platitudes ou mesmo retrocessos para a mobilidade, será uma oportunidade de se deslocarem sem carro, experimentar o transporte público, andar a pé ou de bicicleta, sentir como estão as calçadas, a integração com o Metrô, enfim: pensar em um mundo com menos automóveis e, por isso mesmo, menos poluição.

    Na quinta, uma série de organizações, representantes de diferentes grupos de defesa de mobilidade alternativa ao automóvel, lançarão um manifesto com os pontos que consideram fundamentais para a melhora da mobilidade na cidade nos próximos anos. No mesmo dia, a partir das 19h, essas entidades convidaram os candidatos a prefeito para apresentarem seus planos para a área. O evento terá lugar no Cine Belas Artes, na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, num dos pontos mais bem servidos de transportes coletivos e de infraestrutura para mobilidade ativa em toda a cidade.

    Participam da organização: Ciclocidade, Caronetas, Cidadeapé, Idec, Sem Carro, Aliança Bike, ANTP, Bike Zona Sul, Vá de Bike, Aromeiazero, Bicicleta para Todos e Catraca Livre, entre vários outros.

    Para saber mais e participar, clique na página Encontro sobre mobilidade com os candidatos à Prefeitura de São Paulo.

    leão serva

    Ex-secretário de Redação da Folha, jornalista, coautor de 'Como Viver em SP sem Carro', faz pesquisas no Warburg Institute, em Londres, com o apoio da Capes. Escreve às segundas.

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