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    Leonardo Souza

    Lindbergh: um petista atrás do poste

    09/10/2014 02h00

    Lindinho. É dessa forma que o senador Lindbergh Farias é chamado, carinhosamente, pelos amigos mais próximos. O apelido vem desde os tempos de carismático líder estudantil, que presidiu a UNE (União Nacional dos Estudantes) e comandou os caras-pintadas nas manifestações de rua contra o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.

    O diminutivo cai bem a Lindbergh nestas eleições.

    O senador petista saiu da corrida ao governo do Rio muito menor do que entrou. Ele teve 798 mil votos (o equivalente a 10% dos votos válidos), menos de um quinto do que registrou para o Senado em 2010, 4,312 milhões. Agora em 2014, ficou emparelhado com o diminuto Tarcísio Motta (712 mil votos), do PSOL. Foi o segundo pior desempenho de um postulante do PT a governador, na frente apenas do desconhecido Roberto Carlos, do Espírito Santo, com 6,01% dos votos válidos.

    Lindbergh teve quase a metade, em termos percentuais, de sua contraparte paulista, Alexandre Padilha (18,22%), o "poste" da vez escolhido pelo ex-presidente Lula. Ex-ministro da Saúde, Padilha é um neófito em corridas eleitorais, com muito menos rodagem do que Lindbergh na vida política. Padilha ficou em 3º em São Paulo. Lindbergh, em quarto no Rio.

    Morador do Leblon, o metro quadrado mais caro do Brasil, Lindbergh concentrou sua campanha nas regiões mais pobres da capital e da região metropolitana. Ainda antes do período oficial da eleição, emulou uma espécie de "caravana da cidadania" por diversas cidades do Estado. Lindbergh dizia que não iria privilegiar o "Rio do cartão postal", mas sim o "Rio esquecido".

    Antes de se eleger senador, foi prefeito de Nova Iguaçu, um dos principais municípios da Baixada Fluminense. Em 2008, foi reeleito prefeito no primeiro turno. Era de se esperar que obtivesse votação expressiva na Baixada. Mas não foi exatamente o que ocorreu. Lindbergh angariou 20% dos votos válidos em Nova Iguaçu, atrás de seus concorrentes Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Anthony Garotinho (PR), respectivamente, com 32% e 24%.

    Pezão foi prefeito de Piraí, onde registrou 78% dos votos válidos. O clã Garotinho manda no município de Campos há muitos anos. Lá, Garotinho teve 36,7%.

    Lindbergh apostou na campanha da "cidade partida", título do livro do jornalista e escritor Zuenir Ventura. No livro, Zuenir retrata as discrepâncias entre a realidade de moradores de uma favela e dos habitantes da zona sul do Rio. As urnas mostraram que esse recorte não convenceu nem os "nobres" vizinhos do bairro de Lindbergh nem os moradores das regiões de renda mais baixa, como Nova Iguaçu. Que o exemplo de Lindbergh sirva de lição para os demais políticos, para que conduzam suas campanhas e governos para todos os seus eleitores.

    leonardo souza

    Escreveu até setembro de 2015

    Vencedor de dois prêmios Esso na Folha, atuou na cobertura de política e economia em São Paulo e Brasília.

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