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    Leonardo Souza

    Números mostram que o eleitor se preocupa com a corrupção

    16/10/2014 15h15

    Não procede a afirmação, como se diz no ditado popular, de que os números não mentem. Mentem, sim, dependendo de como são distorcidos.

    Candidatos país a fora nestas eleições nos dão vários exemplos de manipulação de dados. Mas sempre devemos dar atenção ao que os números nos dizem. Em muitos casos, os números revelam fatos. E contra os fatos não há argumentos.

    A pesquisa do Datafolha finalizada nesta quarta-feira (15) informa que dois em cada três eleitores acreditam que as denúncias sobre a corrupção na Petrobras sejam verdadeiras.

    Do universo de entrevistados, 66% acham que a presidente Dilma Rousseff tem responsabilidade no caso. Finalmente o número revelador: para 68%, as acusações devem ser divulgadas durante a campanha. Esses dados nos mostram não só que o eleitor se preocupa com a corrupção, mas, acima de tudo, que considera esse tipo de informação na hora de votar, de escolher seu candidato.

    Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) também sabem que esse é um tema caro ao eleitor. Uma pedra no sapato do tucano nesta eleição é a obra de um aeroporto no município de Cláudio, em Minas Gerais.

    O aeroporto, construído no final do segundo mandato de Aécio como governador de Minas, foi erguido em uma área desapropriada pelo Estado na terra do tio-avô do tucano. Nas vezes em que foi questionado sobre o tema em debates eleitorais, Aécio se desestabilizou, quase perdendo a compostura.

    Aécio se defende alegando que o Ministério Público Federal mandou arquivar a investigação criminal sobre o caso por falta de provas. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contudo, mandou o Ministério Público de Minas apurar se houve improbidade administrativa. Estando Aécio com a razão ou não, o tucano sabe que esse tipo de denúncia desgasta sua imagem perante o eleitor.

    Dilma também não esconde a preocupação com o escândalo de corrupção na Petrobras. Franze o cenho sempre que recebe perguntas sobre o assunto. Não é para menos. O episódio atinge o PT em sua parte mais sensível: o bolso.

    Nos acordos de delação premiada assinados com o Ministério Público, os protagonistas (pelo menos até aqui) do escândalo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, disseram que dois terços do que era desviado na Petrobras iam para o PT, sob a maestria de João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT.

    Não à toa, Dilma, depois de quatro anos cortando o orçamento da Polícia Federal e da Controladoria-Geral União, agora promete, durante a eleição, várias medidas para reforçar o combate à corrupção.

    Os números do Datafolha são mais um forte exemplo para provar o quanto está errado o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que afirmou em entrevista à Folha publicada na segunda (13) que o tema da corrupção "é rejeitado" pelo eleitor.

    leonardo souza

    Escreveu até setembro de 2015

    Vencedor de dois prêmios Esso na Folha, atuou na cobertura de política e economia em São Paulo e Brasília.

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