RIO DE JANEIRO - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, contou nesta quarta-feira (22) um diálogo que manteve no dia anterior com o tucano José Serra. Paes fez o relato em público, numa sabatina promovida pela Folha e pelo UOL, no Rio.

"Eu falei para o Serra para vir para o PMDB, porque lá no PSDB ele não vai ganhar", disse Paes, em tom descontraído.

A brincadeira embute umas verdades e algum despiste. Com Aécio Neves e Geraldo Alckmin na disputa para ser o nome do partido à Presidência da República em 2018, as chances de Serra sair novamente como o candidato da legenda são muito remotas.

Serra tem bom trânsito com nomes fortes no PMDB, como os senadores Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR). Também tem boa proximidade com o próprio Paes, que já foi secretário-geral do PSDB.

Muito provavelmente o PMDB terá candidato a presidente em 2018. Na sabatina, ao criticar a briga de "ódio" entre PT e PSDB, o prefeito do Rio deu a seguinte declaração: "Os dois partidos que protagonizam a cena política brasileira, se for para ferrar o outro, fazem qualquer coisa, inclusive ferrar o Brasil. Por isso que o PMDB vai ganhar a [próxima] eleição [presidencial]."

Se o PMDB se unir em torno de seu nome, Paes é candidatíssimo a presidente em 2018, apesar de publicamente desconversar. Serra é candidato eterno a presidente da República, mesmo tendo perdido dois pleitos (2002 e 2010).

No mês passado, Serra e Paes se encontraram. O tucano disse que o prefeito do Rio era seu candidato a presidente e que ele, Serra, seria seu vice. Puro jogo de cena. Assim como também é o convite de Paes para que o tucano mude para o PMDB.

E a dúvida é exatamente essa: se Serra teria coragem de trocar o PSDB pela tribo peemedebista, tão repleta de caciques e idiossincrasias.