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    Leonardo Souza

    Auditores aprovam paralisação e pedem exoneração de Rachid

    20/08/2015 02h00

    Em assembleia nacional concluída nesta quarta-feira (19), os auditores da Receita Federal decidiram oficialmente parar. Na prática, já haviam cruzado os braços desde a semana passada, conforme informou a coluna no último dia 13. Mobilizados pelo sindicato da categoria, o Unafisco, 5.206 auditores deram seu voto, nas delegacias sindicais espalhadas por todo o país.

    A participação foi expressiva, dado o universo de aproximadamente 12 mil auditores hoje na ativa. A adesão ao levante também foi grande: 92% dos votantes.

    Segundo a coluna apurou, os auditores vão manter apenas os serviços essenciais, como a liberação nas aduanas de medicamentos, de produtos perecíveis e inflamáveis e de cargas vivas.

    No acumulado até julho, a arrecadação de tributos neste ano teve seu pior resultado desde 2010. Em julho, houve uma queda real (já descontada a inflação) de 3,13% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

    Evidentemente, esse recuo no recolhimento de impostos e contribuições se deve basicamente à queda da economia. Mas se há uma categoria capaz de mitigar esse efeito (ou intensificá-lo), esse grupo são os auditores fiscais. Basta apertar a fiscalização sobre os contribuintes ou afrouxá-la.

    A paralisação se deve a reivindicações salariais e de valorização do cargo. Na semana passada, a Câmara dos Deputados rejeitou incluir os auditores na PEC 443. A proposta de emenda à constituição vincula o salário dos servidores da Advocacia-Geral da União e das procuradorias estaduais a 90,25% do ganho dos ministros do STF. Também beneficia delegados da Polícia Federal e da Polícia Civil dos Estados e procuradores municipais nas capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes. Os fiscais da Receita foram os últimos a tentar entrar na PEC, que ainda precisa ser votada no Congresso –provavelmente será rejeitada.

    Segundo o Unafisco, os auditores da Receita estão na 26ª posição no ranking salarial dos fiscos estaduais e federal.

    "O governo jogou gasolina na fogueira ao apostar no enfrentamento com os auditores. A queda da arrecadação vai se agravar com a paralisação da categoria. O [Joaquim] Levy [ministro da Fazenda] dá um tiro no pé ao não negociar", disse ontem o presidente da Unafisco, Kleber Cabral.

    Essa não é a única dor de cabeça para Levy em relação à Receita. Na assembleia nacional, os auditores deliberaram sobre outros seis temas. Entre os quais, o de pleitear o direito de eleger uma lista tríplice para a indicação do secretário da Receita, assim como os procuradores da República selecionam o nome para o posto de procurador-geral. Em 2003, o então presidente Lula passou a indicar o nome mais votado pelos procuradores.

    No último item da pauta, os auditores aprovaram "a exoneração imediata" do atual secretário da Receita, Jorge Rachid, e a automática adoção do sistema de lista tríplice para a escolha de seu substituto.

    Obviamente, há uma distância muito grande entre os desejos dos servidores e a ação do Palácio do Planalto. Para o ministro da Fazenda, não é um bom sinal ter um secretário do fisco que os auditores não reconhecem como representante da categoria.

    leonardo souza

    Escreveu até setembro de 2015

    Vencedor de dois prêmios Esso na Folha, atuou na cobertura de política e economia em São Paulo e Brasília.

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