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    Luciana Coelho

    'Portlandia' faz piada com manias de modernos

    08/12/2013 03h00

    SERIA MAIS ou menos como retratar o pessoal do Baixo Augusta, ou a outrora alternativa Vila Madalena, em São Paulo, mas com piadas que podem ser universais.
    Quem nunca se aborreceu com a febre do politicamente correto ou com o povo que, no afã de ser moderno demais, sem realmente saber a razão, acaba sendo apenas impertinente ou, hum, extravagante?

    É sobre isso que versa "Portlandia", série americana produzida pelo canal independente IFC que o Muu (muu.globo.com, o site de programação sob demanda da Globosat) colocou no ar nas últimas duas semanas.

    Criada em 2011 pelos comediantes Fred Armisen (o Barack Obama do humorístico "Saturday Night Live") e Carrie Brownstein, "Portlandia" é composta de esquetes vagamente ligados por situações envolvendo os dois atores/músicos e o prefeito-garotão da cidade de Portland (Oregon), vivido pelo ex-galã Kyle MacLachan ("Twin Peaks" e "Desperate Housewifes" ).

    Divulgação
    Protagonistas entram em culto porque foram atrás de frango orgânico
    Protagonistas entram em culto porque foram atrás de frango orgânico

    O resultado é bem melhor no primeiro caso do que no segundo.

    Na mira da dupla, está a cultura "hipster". A gíria surgiu em inglês para identificar pessoas mais descoladas, interessadas em coisas que ainda não são tendência. Logo, porém, virou uma tendência com gostos e figurinos a serem copiados milimetricamente.

    A série brinca com essa cartilha, que inclui discursos pós-feministas que começam justos e descambam para a insanidade, a culinária orgânica-xiita, o culto às bicicletas em níveis messiânicos e um vocabulário extenso que rebatizou o barman de mixologista, entre outras coisas.

    Tudo imerso em um saudosismo por outra época. Qualquer outra que não o agora, valendo até os insípidos anos 90, homenageados em um clipe sobre os sonhos que se tinha àquela época e, em Portland, ainda podem ser realizados.

    O outro ingrediente central são as participações especiais (nada em TV ou cinema, afinal, pode ser descolado sem a participação especial de gente "cool").

    Perambulam por ali ícones do "hipsterismo" como a cantora Aimeé Mann, a atriz Chloe Sevigny, o ator Steve Buscemi, a estrela ascendente Aubrey Plaza.

    A escolha de Portland, uma cidade de pouco menos de 600 mil habitantes encravada no meio dos rios e montanhas do Oregon, é uma brincadeira com a predileção dessa turma por lugares urbanizados, mas ainda não superpopulosos, com fácil acesso à natureza e pouco em voga.

    Na Costa Oeste dos EUA, entre os muito mais famosos Califórnia e Washington (o Estado, não a cidade), é o tipo de lugar frequentemente esquecido quando se listam os 50 Estados que compõem os EUA, mas nem por isso modorrento ou sem graça. Descrição, aliás, que serve perfeitamente à série. Vale explorar.

    As três primeiras temporadas de "Portlandia" estão disponíveis no site Muu para assinantes de canais pagos da Globosat, como GloboNews e GNT.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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