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    Luciana Coelho

    'Veep' se firma como melhor comédia no ar

    25/05/2014 02h58

    QUAL A MELHOR comédia no ar na TV? "Veep". Os episódios mais recentes da atração são tão bons que dá para responder a essa pergunta controversa na lata.

    Não era assim nas duas primeiras temporadas. Embora a série sobre uma vice-presidente desocupada e propensa a gafes (Julia Louis-Dreyfus) tenha tido ótimos momentos, as piadas miravam a política dos EUA, o que reduzia seu apelo.

    Agora não. A política continua no cardápio, mas em seus aspectos mais universais. As piadas, metralhadas sem dó, não escolhem alvo nem respeitam o politicamente correto.

    Só o vazio do cargo de vice-presidente é um tema recorrente (e, ainda assim, funciona). Ajuda, também, que o criador da série, o ítalo-escocês Armando Iannucci, não se iniba de fazer troça com Washington.

    O texto é tão bom que as piadas aceleram da ironia fina e sacadas de costumes aos tropeços de um pastelão e os xingamentos de baixo calão com apelo adolescente na mesma cena, sem trepidação, como se fosse simples encaixar todos os tipos de humor em um script. O resultado? Gargalhadas histéricas.

    E pontos na audiência.

    A atual temporada conquistou sua melhor marca até agora (1,5 milhão de espectadores, razoável para uma comédia na TV paga nos Estados Unidos), uma capa da revista "Rolling Stone" e um lugar fixo nas referências pop americanas.

    Divulgação/HBO
    Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus) e Gary Walsh (Tony Hale) em 'Veep'
    Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus) e Gary Walsh (Tony Hale) em 'Veep'

    Um dos motivos foi a decisão de Iannucci de tirar os personagens da zona de conforto. A vice-presidente Selina Meyers agora está em campanha para se candidatar à Presidência e passa a maior parte do tempo fora do distrito federal.

    Jonah (Timothy Simons), o assessor da Casa Branca que lida com a Vice-Presidência, é demitido; o assistente adulador Gary (Tony Hale) é proibido de carregar as coisas da patroa; Amy (Anna Chlumsky), chefe de gabinete, perde poder; e o azarado assessor de imprensa Mike (Matt Walsh) finalmente está feliz. Isso refrescou o enredo e tirou qualquer arreio que restasse no elenco.

    A trupe, boa de improviso, responde pela outra parcela de sucesso da série. Aos 53, Louis-Dreyfus, por nove anos a Elaine da genial "Seinfeld", é a melhor comediante mulher dos EUA. Pequenina e refinada, pode fazer corar um Louis C.K. sem perder a pose.

    Seu humor é rápido e ferino, e sua Selina tem, simultaneamente, a aura cool de Elaine e a mesquinharia de seu amigo George Constanza.

    O personagem Jonah, do estreante Timothy Simons, um grandalhão desajeitado e imaturo, é tão bom que virou adjetivo em Washington e lhe rendeu convites para seis filmes.

    Hale, o Buster de "Arrested Development", levou um Emmy (Louis-Dreyfus também ganhou). Walsh, mais de cem créditos no currículo, inspira pena e repulsa, e Chlumsky tem um timing cômico insuspeito para a garotinha que estrelou "Meu Primeiro Amor". Até o engomado Dan (Reid Scott) caiu no gosto dos assessores políticos.

    A quarta temporada já foi confirmada pela HBO. Se a política de verdade não dá motivos para rir, que nos esbaldemos na ficção.

    "Veep" é exibida às segundas-feiras, 22h, pela HBO.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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