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    Luciana Coelho

    'The Newsroom' volta para temporada final

    DE SÃO PAULO

    23/11/2014 02h00

    "THE NEWSROOM", a série de Aaron Sorkin sobre a equipe de um fictício noticiário de TV, reestreia neste domingo (23) para sua temporada final em busca de mais verossimilhança e maior apelo dramático.

    Não que o produtor-roteirista admita suas duas principais falhas –que chega a ser irritante o quão românticos seus personagens são, problema parcialmente corrigido na mais realista segunda temporada, e que a série soa como lição de moral demasiadamente longa.

    "Sempre haverá um grupo de pessoas que acha que esta série serve para eu dizer aos jornalistas como eles deveriam ter feito seu trabalho", declarou Sorkin em recente entrevista ao jornal britânico "The Independent". "Não é esse o caso."

    Divulgação
    Jeff Daniels em cena da série "The Newsroom", da HBO
    Jeff Daniels em cena da série "The Newsroom", da HBO

    Sorkin defende o ultrarromantismo como antídoto necessário ao excesso atual de cinismo, contra uma era em que tudo, na sua definição, "é uma ironia ou um revirar de olhos". "Entendo que a série possa parecer antiquada e nada descolada, mas lido bem com isso", afirma.

    O problema de "Newsroom", porém, não é ser "não-descolada" ("The Good Wife", por exemplo, não é descolada, revolucionária nem cheia de firulas; ainda assim, é bacaníssima). O problema, e um risco para que a história continue atraente em seu terceiro ano, é que seus personagens são quase todos alter egos do autor, sem grande profundidade nem nuances perceptíveis.

    A exceção é Will McAvoy (Jeff Daniels), o âncora ranzinza que, com o mesmo cinismo e impaciência de que Sorkin se lamenta, virou o personagem mais cativante e realista da trupe (infelizmente ele divide a maioria das cenas com sua chatíssima noiva e diretora Mackenzie McHale, vivida por Emily Mortimer).

    Neste último ano, McAvoy deve se transmutar em herói sem disfarces ao proteger o editor de mídias sociais Neal (Dev Patel) de uma investigação do FBI por espionagem.

    A temporada final, que terá só seis episódios e não dez como as demais, também se desenvolve em torno de um fato noticioso real e um fictício, inspirado na realidade.

    O real, desta vez, é o atentado a bomba que matou três pessoas na maratona de Boston, em abril de 2013. O fictício é o vazamento de documentos secretos do governo dos EUA a um jornalista –uma alusão ao caso do técnico da CIA Edward Snowden, que revelou um esquema de espionagem de líderes internacionais em junho daquele ano.

    É este último que deve injetar alguma adrenalina à série, além dos dramas e dilemas éticos que vêm recheando os episódios até agora.

    A esse fio condutor, soma-se uma trama paralela mais complexa sobre a venda do canal ACN, onde a trupe trabalha, pelos irmãos caçulas e gêmeos do escroque Reese Lansing (Chris Messina).

    Alusões ao estrago que pode causar a divulgação de supostas notícias sem checagem em redes sociais servem de alento aos jornalistas fãs da série e de alerta aos demais.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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