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    Luciana Coelho

    Seinfeld apadrinha comediante do YouTube

    07/12/2014 02h00

    Nos últimos dias, a comediante Colleen Ballinger, sensação da internet desde 2008, tornou-se conhecida do público mais amplo (e mais velho) da TV americana de uma forma que muitos colegas invejariam: contracenando com Jerry Seinfeld.

    Ballinger –ou seu alter ego, a narcisista e impaciente "cantora/atriz/dançarina/modelo/mágica" Miranda Sings– estrelou com o novo padrinho uma hilária brincadeira de adivinhação com desenhos no programa de Jimmy Fallon, uma das maiores audiências dos EUA.

    Dias antes, ela participara da série de Seinfeld na web, "Comedians in Cars Getting Coffee" a caráter –coisa rara no programa, que mostra o humorista papeando com algum colega em meio a carros e cafés.

    Divulgação
    A atriz Colleen Ballinger, protagonista da serie Miranda Sings
    A atriz Colleen Ballinger, protagonista da serie 'Miranda Sings'

    A ligação entre os dois resume a evolução do humor para as massas na última década e meia: da TV para o YouTube e de volta para a TV, entre saltos geracionais.

    Seinfeld conheceu Colleen Ballinger por meio da filha, Sasha, 13 anos. A menina é fã do canal Miranda Sings, que arregimentou 2,7 milhões de assinantes, 278,9 milhões de visualizações (segundo a consultoria Social Blade) e páginas populares no Twitter, Facebook e Instagram, além de um site e shows nos EUA, Canadá, Europa e Oceania. É menos do que o Porta dos Fundos (9,3 milhões de assinantes), mas o bastante para ser o sétimo canal cômico mais visto no YouTube nos EUA.

    "Minha filha me mostrou no celular esse vídeo da Miranda respondendo a mensagens críticas. Ela não parava de rir e dizer que eu tinha que ver", contou Seinfeld em entrevista conjunta ao site Vulture, que cobre a indústria do entretenimento. "Perguntei se ela e as amigas viam, ela disse que sim. Eu vi, ri, mas não achei grande coisa. Depois vi outro, outro, outro, e percebi que era um personagem bem desenvolvido."

    Para Seinfeld, sobretudo, era algo de que a filha e ele –"normalmente não muito fã do lixo que os adolescentes veem"– riam juntos.

    Miranda (ou Ballinger) tem graça para os adolescentes porque é alguém com quem eles se identificam. Alguém que acha que se filmar fazendo qualquer coisa e depositar na internet faz dela uma celebridade e/ou uma artista digna de atenção. Ballinger, 28 anos recém-feitos, capturou a essência de uma geração.

    Em seus vídeos, ela usa um batom vermelho que satiriza o bico de pato tão comum em "selfies", dança (mal), canta (mal), fala com fãs e revira os olhos em sinal de desaprovação, tudo com produção caseira e textos profundamente irônicos, autocríticos e desinibidos.

    "Achei que faria isso por uma semana ou um mês", diz ela enquanto se esforça para tirar o batom ao fim do vídeo com Seinfeld, "mas virou uma bola de neve". "Hoje me perguntam como eu farei quando Miranda tiver um filho", ri.

    Gostar de Ballinger é um teste geracional. Como o próprio Seinfeld explicou, porém, após alguns vídeos pode ser compulsivo. Cuidado.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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