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    Luciana Coelho

    Comédia 'Jane the Virgin' é surpresa bem-vinda

    DE SÃO PAULO

    14/12/2014 02h00

    Das produções para TV indicadas ao Globo de Ouro neste ano, a maior surpresa é a novata "Jane the Virgin", que levou menções como melhor série e melhor atriz (a ótima Gina Rodriguez) e, a julgar pelas reclamações na internet, tirou o lugar da mais conhecida Mindy Kaling nas duas listas.

    "Jane" é uma subversão esperta das telenovelas latinas, um aceno para a crescente população de origem hispânica nos EUA. Conta a história de uma moça que promete à avó preservar-se virgem, cumpre o voto, mas, para surpresa do namorado paciente, engravida ao ser inseminada acidentalmente por uma ginecologista em dia ruim.

    Como se trata da versão de um folhetim, o bebê em questão é o filho de uma paixonite do passado –um milionário, claro– e de sua mulher caça-pensão. À volta da dupla central de personagens orbitam suas famílias, ambas latinas, incluindo o pai que nunca foi apresentado a Jane e hoje é galã de novelas.

    Divulgação
    Cena da série 'Jane the Virgin'
    Cena da série 'Jane the Virgin'

    "Jane" tem pegada semelhante à de outro sucesso inspirado em novela venezuelana, "Ugly Betty". Mas apesar dos exageros que o formato pede, os decibéis extras se dissipam com a fantástica atuação de Rodriguez. Miúda e versátil, fora do padrão latina-gostosa, a atriz tem frequentado desde a estreia da série, em outubro, as listas de intérpretes promissores em Hollywood.

    Aos 30, sua carreira é longa, com mais de dez anos. Mas apesar de diversas pontas em seriados maiores e de anos dedicados ao teatro, nada havia ainda captado a atenção da crítica ou do público. Até agora.

    Sua Jane é divertida, doce e com mais nuances do que suas rivais na TV –certamente mais discreta que Betty (a feia), que a estridente personagem de Sofía Vergara (uma das produtoras de "Jane") em "Modern Family" e que a verborrágica Mindy Kaling. O contraste da personagem com o universo kitsch a seu redor, cheio de menções pop, também produz bons momentos.

    O páreo de Rodriguez na premiação –Julia Louis-Dreyfus ("Veep") e Edie Falco ("Nurse Jackie"), sobretudo, e em menor grau Lena Dunham ("Girls") e Taylor Schilling ("Orange is the New Black")– é duro, tornando improvável sua vitória. Mas este é um caso legítimo em que a indicação vale como prêmio para o espectador cansado da mesmice.

    O mesmo vale para a série, exibida nos EUA por um canal menor, o CW, e com audiência moderada em declínio –será difícil derrotar "Silicon Valley" e/ou "Orange is the New Black" (fecham a lista "Transparent", da Amazon, e "Girls"), mas a indicação pode valer a sobrevida.

    Ainda a aplaudir na lista do Globo de Ouro: a nova "The Affair" entre os melhores dramas, e sua protagonista, Ruth Wilson, além de Viola Davis ("How to Get Away with Murder"), como atrizes dramáticas.

    Já a categoria de atores, mais uma vez, seleciona apenas intérpretes de escroques (adoráveis). Mas isso é tema para outra coluna.

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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